Crítica: The Truth Beneath

"THE TRUTH BENEATH" - 2016

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Tenho a estranha mania de realizar uma panorâmica da filmografia de diretores de cinema que descubro eventualmente ou revisitar antigas produções daqueles que ficam em evidência por alguma premiação recente. No caso, desta obra em si, o que me chamou a atenção foi que o roteiro foi escrito pelo mestre coreano Park Chan-wook que recentemente recebeu o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes por “Decision to Leave”.

O filme apresenta um roteiro que mistura suspense e mistério através de uma história de vingança, que só os coreanos são capazes de realizar. Apesar do filme não ter a direção de Park Chan-wook, o cargo sendo ocupado por Kyoung-mi Lee (roteirista de Lady Vingança), todos os elementos do diretor da Trilogia da Vingança estão lá. Temos uma história complexa com várias ramificações, uma atmosfera de suspense e mistério com muitos suspeitos, um assassinato traumático, revivoltas mirabolantes que tiram o chão do espectador e uma crueldade que transborda da tela.

A trama que começa insidiosamente com o desaparecimento de Min-jin (Ji-Hoon Shin), uma garota problemática filha de um político em campanha de eleição. Os pais de Min-jin, Yeon-hong (Son Ye-jin) e Jong-chan (Ju-hyuk Kim) decidem postergar o chamamento da polícia afim de não prejudicar a campanha de eleição, apesar do protesto da mãe.

Yeon começa a investigar o desaparecimento da filha por conta própria e começa a descobrir um lado da vida de Min-jin que desconhecia. Ela se depara com uma introvertida e misteriosa colega de escola da filha, Mi-ok (So-hee Kim) que apesar de aparentar ter uma grande ligação de amizade com Min-jin, foi avistada na noite de seu desaparecimento, toda encoberta com sangue. A professora das duas garotas revela uma estranha trama que envolve chantagem e entrega de gabaritos de provas entre os alunos. O adversário político de Jong-chan revela uma misteriosa proximidade com Min-jin através de canções escritas pela garota. O próprio pai de Min-jin oculta informações sobre um jantar político do qual participou na noite do desaparecimento da filha.

Yeon-hong e os espectadores ficam completamente desnorteados com as ramificações de mistérios que desabrocham no decorrer da trama, deixando tudo cada vez mais nebuloso. Yeon-hong se afunda em uma espiral de loucura e paranóia que deixam o público perplexo com suas desconfianças, mas como sempre a realidade é muito pior que a imaginação do espectador e o cinema coreano é um mestre em puxar o tapete da platéia.

Muito diferente do que ocorreria num filme hollywoodiano, as esperanças e o otimismo naufragam no meio da trama. A campanha eleitoral de Jong-chan explode com o cerco da mídia e a piedade dos eleitores. Aparentemente, as únicas duas pessoas que realmente sentem falta de Min-jin são sua mãe e sua colega de escola, ambas resolvem se vingar pela morte de Min-jin cada uma do seu jeito e com todos os requintes de crueldade. No entanto, não existe redenção para nenhum personagem do filme. A vingança por mais cruel que seja em sua execução, jamais trará a felicidade, afinal a crueldade só satisfaz aqueles que a exercem sem finalidade e por puro prazer.

Crítica por: Fabio Yamada.

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