"DEPARTAMENTO Q" - 2013 - 2014 - 2016 - 2018
🔑🔑🔑🔑
Na verdade não se trata de um filme único, mas uma franquia de filmes policiais baseadas nos livros de Jussi Adler-Olsen. No período de 2007 a 2016, o autor escreveu um série de 7 livros sobre o Departamento Q, destes os quatro primeiros foram adaptados para o cinema.
A história se inicia no primeiro livro ou livro que recebeu dois nomes diferentes - “Guardiões das Causas Perdidas” ou “A Mulher Enjaulada” - fala sobre a criação do departamento Q, com o excêntrico e taciturno policial Carl (Nikolaj Lie Kaas, excelente) que perdeu seus dois parceiros durante incursões policiais mal-sucedidas e acaba sendo relegado a cuidar de casos arquivados. Para fazer companhia a Carl, o chefe de polícia Marcus (Soren Pilmark) desloca Assad (Fares Fares), um imigrante sírio com quem ninguém deseja trabalhar, vítima constante do racismo local.
O convívio e a química entre os dois policiais é o que dá o tom à série de filmes, seja pelas diferença culturais ou pelo conflito de personalidades díspares. As duas visões de mundo completamente diferentes se complementam simbioticamente auxiliando na condução das investigações e na forma de lidar com vítimas e testemunhas; e o que inicialmente poderia parecer um defeito acaba por se tornar uma qualidade.
Carl acabou de ser abandonado pela esposa e tem dificuldades em lidar com o etilismo, enquanto Assad preconceito inclusive do novo parceiro. A dupla acaba ficando de frente com um caso sobre o desaparecimento de uma mulher há 5 anos atrás. Segundo investigações pregressas Merete (Sonja Richter) se suicidou ao se jogar de uma balsa, na qual tinha a companhia de seu irmão deficiente Uffe (Mikkel Boe Folsgaard). No entanto, Carl não consegue entender como alguém que tem a intenção de se suicidar leva tal companhia. Tal investigação desvenda uma série de crimes ligados ao passado de Merete e relacionados a abusos de infância.
No segundo filme com o subtítulo de “O Ausente” temos a introdução de uma nova personagem como a secretária do departamento Q, Rose (Johanne Louise Schmidt), que serve como alívio cômico e contraponto a Carl. A história se inicia na noite de comemoração do sucesso da investigação do filme anterior, quando um policial aposentado procura Carl para reabrir o caso sobre o assassinato de seus filhos. Carl acaba por não dar atenção ao homem, mas após o suicídio deste, tanto Carl quanto Assad vão a fundo sobre os crimes relacionados a uma prestigiada escola dinamarquesa. Eles começa a investigar crimes cometidos por Ditlev (Pilou Asbek), um importante empresário local e seus amigos Ulrik (David Dencik), Bjarne (Adam Ild Rohweder) e Kimmie (Danica Curcic). Sendo que durante o colégio, vinte anos atrás, Ditlev (Marco Ilso) e Kimmie (Sarah-Sofie Boussnina) foram amantes nada convencionais.
No terceiro filme com o subtítulo de “Uma Conspiração de Fé”, Carl e Assad se degladiam por causa de diferenças religiosas, sendo que Carl é um ateu convicto e Assad segue os dogmas muçulmanos. No entanto, a trama está relacionada ao desaparecimento de crianças em um comunidade de testemunhas de Jeová. Tudo isso desencadeado pelo encontro de uma mensagem dentro de uma garrafa no litoral da Dinamarca, escrita por um dos irmãos sequestrado pelo religioso assassino em série Johannes (Pal Sverre Hagen) que acredita ser o filho do Diabo ou pelo menos algum de seus filhos.
No quarto filme da série com o subtítulo de “Em Busca de Vingança”, Assad acabou de ser promovido e abandonará o Departamento Q e Carl tem dificuldades em lidar com o fato e expressar seus sentimentos para com o amigo de longa data. Eles se deparam com uma estranha cena de crime com corpos mumificados em volta de uma mesa de jantar. Durante as investigações, em meio a brigas e despedidas, eles descobrem que os corpos tem relação a uma antiga instituição dinamarquesa na qual era internadas garotas consideradas párias da sociedade que acabavam por ser esterelizadas compulsoriamente. Esses experimentos estavam relacionados com o médico Curt Wad (Anders Hove) que mais tarde fundou uma importante clínica de fertilidade. A dupla acaba por desmascarar uma oculta rede de extrema direita responsável por crimes de segregação racial e xenofobia.
A série de filmes pode ser considerada por alguns cópias de produtos americanos que envolvem policiais de raças diferentes, no entanto, a precisão cirúrgica dos temas abordados e a crueldade gélida que somente os nórdicos são capazes de expressar destacam esses filmes de seus pares americanos. Tanto a fotografia, quanto a direção de arte demonstram não se tratar de um produto mediano. Os roteiros criados por Nikolaj Arcel conseguem fugir do local comum, alternando momentos de suspense com puro horror onde a maldade humana está sempre em destaque.
Crítica por: Fabio Yamada.
Comentários
Postar um comentário