Crítica: Sputnik

"SPUTNIK" - 2020

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Um filme sobre um astronauta que durante uma missão no espaço trás dentro de seu corpo um alienígena que ataca e se alimenta de seres humanos. Essa sinopse bem que poderia ser do nosso clássico um tubarão no espaço “Alien - O Oitavo Passageiro” de Ridley Scott 1978, no entanto, ela se refere a outro passageiro alienígena, um estranho passageiro como sugerido no subtítulo em português. Ao invés da trama se situar num futuro distante, estamos diante de um astronauta russo que durante o auge da Guerra Fria teve sua nave acidentada durante o pouso e ele como único sobrevivente.

O serviço secreto soviético aprisiona e deixa em quarentena o oficial russo Konstantin (Pyotr Fyodorov excelente), enclausurado e isolado em uma distante base científica. A controversa psicóloga Tatyana (Oksana Akinshina), que está sendo processada pelo governo devido seus métodos terapêuticos poucos ortodoxos, é convocada para avaliar o estado mental do suposto herói astronauta. No entanto, durante a fase de entrevistas e avaliação paciente é revelado para Tatyana que um parasita misterioso está hospedada no estômago do cosmonauta e que durante a noite, após Konstantin dormir, a criatura sua por sua boca para se alimentar sem causar nenhum trauma ao hospedeiro.

A primeira metade do filme realmente é instigante apresentando uma tensão crescente, principalmente graças ao desempenho dos dois protagonista associado a algumas intervenções dos antagonistas Coronel Semiradov (Fedor Bondarchuk) e do cientista Rigel (Anton Vasilev).

Guardadas as devidas proporções podemos dizer que “Solaris" de Tarkovski está para “2001" de Kubrick, assim como “Sputnik" está para “Alien”. Tenho certeza que vou ser crucificado após esta frase. No entanto, podemos observar o terror psicológico constante durante a primeira parte do filme, onde não sabemos ao certo até onde o alienígena é real ou apenas um manifestação psicossomática do trauma do cosmonauta.

A manifestação física da criatura através da regurgitação do cosmonauta profundamente sedado é uma cena assombrosa e a criatura humanóide é possuidora de uma beleza ao menos tempo sedutora e grotesca, um trabalho de direção de arte e efeitos especiais digno de elogios.

Uma grande revelação aterrorizante e grotesca, mais adiante no filme, consegue surpreender o espectador (pelo menos a mim) que inicialmente não esperava aquele desenrolar pelo ritmo do filme. E é a partir daí que o filme se perde para alguns e ganha ritmo para outros. Para aqueles que estavam sonolentos com a primeira metade do filme, a segunda parte consegue empolgar com grande dose de ação e violência. No entanto, para aqueles que adoraram os diálogos e embates entre os personagens, suscitando grandes metáforas sociais e políticas à frente, tudo desanda de tal forma que o caldo entorna sem perspectivas de salvamento da trama. Ficando na boca aquele gosto amargo do que poderia ter sido, mas não foi.

Um filme que consegue atingir um resultado regular ao final da exibição, mas ainda reserva uma surpresa para o espectador que fica completamente perdido com a cena final, mas não no bom sentido, pois parece que houve um erro de continuidade onde um personagem simplesmente foi trocado por outro. Realmente, não consigo entender o significado daquilo e olha que assisti até o final dos letreiros acreditando em vão que uma cena pós-créditos solucionaria o mistério.

Crítica por: Fabio Yamada.

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