Crítica: O Bebê de Rosemary

"O BEBÊ DE ROSEMARY" - 1968

🔑🔑🔑🔑🔑



Um clássico do cinema de terror que na minha humilde opinião continua sendo referência ao criar um atmosfera ambiguamente sufocante de medo relacionando o stress da maternidade com delírios sobre rituais satânicos.

Roman Polanski pode não ser uma unanimidade, mas é inegável que não seja um mestre do cinema mundial, diretor desse filme e outros clássicos como “Chinatown”, “O Inquilino”, “O Pianista”, “Deus da Carnificina”, “Lua de Fel”, “Tess” e “Repulsa ao Sexo”. Um diretor cuja a vida pessoal foi marcada por escândalos como o assassinato de sua esposa grávida Sharon Tate e sua condenação pelo estupro de Samantha Geimer de 13 anos.

O filme cujo roteiro foi baseado no livro de mesmo nome de Ira Levin, acompanha a chegada de Rosemary (Mia Farrow, fabulosa) e seu marido Guy (John Cassavetes) a Nova York. O jovem casal vai se instalar em um apartamento na região central num edifício famoso por algumas tragédias (reais e fictícias). O casal começa a sofrer assédios incisivos por parte de seus vizinhos Minnie (Ruth Gordon) e Roman (Sidney Blackmer). Guy, um ator em início de carreira na TV, consegue um importante papel após seu concorrente sofrer de uma cegueira súbita. Rosemary acaba ficando grávida após uma insólita noite de amor, na qual ela após ficar inconsciente devido a ingestão de bebida alcoólica tem pesadelos com uma seita satânica que envolve seus vizinhos e outros residentes do edifício acompanhada da própria presença do amedontrador satã, que consuma o ato sexual no lugar de seu marido.

Por enquanto, estamos apenas no terreno da sugestão, pesadelos e delírios persecutórios de Rosemary, que se sente cada mais mais incômoda com a invasão de seus vizinhos, o seu isolamento social e o desprezo de seu marido. Minnie se encarrega de trocar seu obstetra o dr Hill (Charles Grodin) pelo famoso dr. Abe Sapirstein (Ralph Bellamy), além de fornecer vitaminas frescas de herbário residencial. Rosemary ganha dos vizinhos um belo amuleto da sorte cujo interior está preenchido por uma raiz de odor característico, raiz de Tanis, que terá papel central no decorrer do filme.

A nossa querida gestante vai ficando cada vez mais emagrecida e pálida no decorrer da gravidez, sofrendo de dores abdominais terríveis incompatíveis com uma gestação tradicional. A visita de um antigo amigo, Hutch (Maurice Evans) tenta lançar luz sobre a escuridão na qual Rosemary encontra-se envolta; mas ele acaba fracassando ao sofrer um quadro de coma súbito sem causa aparente, justamente no dia em que revelaria alguns mistérios sobre os vizinhos de Rosemary.

Um livro deixado por Hutch após sua morte acaba por potencializar as suspeitas de Rosemary, que entra em um looping de medo e desespero ao final da gravidez, culminando em reviravoltas clássicas com direito a uma reunião insólita no apartamento vizinho, onde acontece a inesquecível cena final, na qual Rosemary se rende a seus instintos maternais.

Muito se pode falar sobre os acontecimentos que circundaram as filmagens antes, durante e após as filmagens do filme, desde o edifício Dakota onde foram realizadas as filmagens, edifício onde John Lennon foi assassinado; a coragem e persistência de Mia Farrow em conseguir o papel, fato que ocasionaram seu divórcio com Frank Sinatra e crescente aumento de comunidades ocultista na sociedade americana que relacionaram o filme com o assassinato de Sharon Tate no ano seguinte.

Independente de qualquer acontecimento fora do campo de filmagem, o filme continua sendo um clássico e considerado um dos mais apavorantes filmes de terror de todos os tempos, devendo-se isso em parte a atuação sublime do elenco como um todo e, principalmente, a caracterização da frágil Rosemary por Mia Farrow, além é claro do toque divino ou maligno do mestre do cinema polonês Roman Polanski.

Crítica por: Fabio Yamada.

Comentários