Crítica: La Abuela

"LA ABUELA" - 2021

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Um filme perturbador de terror que se utiliza de um controverso binômio, onde se contrapõem a beleza e a velhice, construindo uma verdadeira batalha pela sobrevivência entre uma idosa enferma e sua bela neta.

O novo filme de Paco Plaza, responsável por clássicos do terror espanhol como [REC] e Verônica, e com roteiro de Carlos Vermut de “A Garota de Fogo" acaba se tornando uma ode ao isolamento social, onde a maior parte do tempo as duas protagonistas duelam dentre de um apartamento.

A história se inicia com uma misteriosa cena, onde Pilar (Vera Valdez) encontra-se com seu corpo caído inconsciente no chão de seu apartamento e acaba se surpreendendo com a visita fantasmagórica de uma garota nua que lhe entrega uma “matrioska”. Passamos então para a agitada vida noturna parisiense, onde Susana (Almudena Amor) que trabalha como modelo fotográfica com uma carreira em ascensão, recebe a notícia que sua avó sofreu um AVC. 

Susana abandona tudo para ir cuidar da avó Pilar, que se encontra hospitalizada. Dentro de suas possibilidades, Susana acaba escolhendo cuidar ela mesmo da avó, decidindo morar temporariamente em seu antigo apartamento. As agruras decorrentes da doença da avó, que já são por si só assombrosas e repugnantes de um certo ponto de vista, crescem exponencialmente com a adição do fator sobrenatural. Susana começa a ter alucinações auditivas e visuais dentro do apartamento, além de ser surpreendida com os engasgos e aparições surpresas de Pilar caminhando pela casa. 

Na soma de todos os inconvenientes, que acabam com a beleza da jovem modelo, deixando sua pele cheia de rugas, cabelos brancos e esgotamento físico, Susana ainda tem que enfrentar a concorrência de outras modelos e de sua agente que acaba por deixa-la ao ostracismo. Susana pesa todos os fatores e chega a conclusão que deve mudar de postura em relação a sua avó, deixando de lado um pouco aquele amor fraternal e a culpa decorrente de abandoná-la aos cuidados de terceiros. No entanto, novas reviravoltas, que envolvem estranhos acidentes e a visita da bela neta de uma antiga amiga da avó, transformam a vida da nossa jovem Susana em um verdadeiro inferno, ou melhor, no inferno astral das duas personagens que em breve comemorarão seus aniversários na mesma data. 

Independente de algumas escolhas um pouco clichês do roteiro, o filme é uma bela pedida para aqueles que curtem um bom e inteligente suspense com cenas de terror. Os criadores conseguem estabelecer belas metáforas para com o medo primitivo de envelhecer e o desejo insaciável pela beleza.

Afinal, quem não tem medo de terminar sua vida inválido em cima de uma cama? E para aqueles que tem de enfrentar o dilema de seguirem com suas vidas ou abrirem mãos de seus sonhos para cuidar de um parente inválido, lembrem-se sempre que terão suas vidas e sonhos sugados e por vezes totalmente perdidos em um poço infinito de carência. Se isso garantirá um "lugarzinho no céu”, isso eu não tenho a menor idéia, mas com certeza apaziguará anos de culpa e arrependimento, que muitos jamais seriam capazes de carregar.

Crítica por: Fabio Yamada.