Crítica: Hatching

"HATCHING" - 2022

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Um interessante e perverso filme finlandês do gênero “coming of age” que se utiliza do mito do doppelganger para causar uma reflexão sobre as mentiras e o mundo de aparências das redes sociais. 

Na história sobre uma família “de comercial de margarina” que vive num mundo cor-de-rosa numa pequena cidade nórdica e posta vídeos sobre a maravilhosa rotina devida de uma família finlandesa comum, a filmagem de cenas internas dentro casa é interrompida pela invasão de um corvo que destrói toda a cenografia perfeita da sala da casa. A família composta pela mãe (Sophia Heikkilä), pelo pai (Jani Volanen), pelo irmão Matias (Oiva Ollila) e pela inocente Tinja (Siiri Solalinna) é atacada pelo cruel e aterrorizante animal voador. Tinjia é a única que consegue captura a ave, que acaba sendo entregue para a mãe que quebra impiedosamente seu pescoço. Afinal, ela ousou interromper a filmagem da família perfeita.

Durante a noite, Tinja escuta os ruídos de sofrimento do corvo, que fugiu da lixeira. Ela o encontra no meio da floresta próximo ao seu ninho, que tem um pequeno ovo. Tinja termina com sofrimento da ave e sequestra o ovo. Tinja involuntariamente acaba chocando o ovo em sua cama, por baixo dos lençóis ou dentro de seu urso de pelúcia cor-de-rosa. 

Tinja pratica ginástica olímpica no colégio e sofre com as cobranças exacerbadas da mãe. Ela abre mão de passeios com amigos e sente falta de ter um animal de estimação. Uma garota da vizinhança, Reetta (Ida Määttänen) tem um cachorro de estimação, passeia com seus amigos e além disso, tem a ousadia de finalizar melhor as acrobacias de ginástica melhor do que Tinja. O sofrimento, as decepções e as lágrimas de Tinja fazem com que o ovo do corvo cresça cada vez mais atingindo proporções descomunais. 

Após a eclosão e rompimento da casca do ovo, um imenso filhote de pássaro surge, com um bico imenso e cheio de dentes. Inicialmente, a criatura adota Tinja como sua mãe e faz tudo para agradar a suposta progenitora. Seja cessando com os latidos insistente do cãozinho da vizinha, assustando o irmão irritante ou eliminando uma futura concorrente. 

No entanto, a metamorfose da criatura ainda não terminou e o processo de muda reserva uma perturbadora surpresa para Tinja e sua família. O processo de amadurecimento da adolescente, estimulado pelo amoral e perverso comportamento da mãe, origina uma nova Tinja muito mais monstruosa e assustadora.

Uma metáfora perfeita para os valores distorcidos e egoístas da dita “família nuclear” conservadora e de bons costumes, que insistem em contaminar mentes incautas disseminando pelas redes sociais mentiras virtuais que maquiam e incubam suas almas monstruosas.

Crítica por: Fabio Yamada.

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