Crítica: A Sala de Fermat

"A SALA DE FERMAT" - 2007

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Há muito tempo o cinema vem sendo inundado por produções categorizadas como filmes “Escape Room”. Desde que me lembro uma das primeiras produções do gênero foi o clássico canadense “Cubo" de 1997, onde um grupo de desconhecidos acordavam aprisionados em um imenso cubo cheio de armadilhas mortais. O filme deu origem a uma franquia com sequências de baixa qualidade e originalidade, além de abrir caminho para filmes como “Jogos Mortais”, bem mais sanguinolentos e perversos, além de uma franquia infame com o criativo nome de “Escape Room”. No entanto, se observamos bem o entretenimento e a cultura humana estão cheios programas do gênero, afinal quem não adora uma gincana ou labirinto onde as pessoas de degladiam até a morte ou enfrentam armadilhas ou feras mortais. 

Dito isso, deixemos de lado os seres humanos normais ou a plebe em questão e passamos para intelectuais do meio acadêmico especializados em matemática avançada e teoremas complexos. O filme espanhol começa com um ilustre doutorando (Alejo Sauras) que na sua tese desvendou a indecifrável conjectura de Goldbach, um matemático prussiano que pressupôs que todo número par maior do que 2 pode ser representado pela soma de dois números primos.

Um desafio é lançado no meio acadêmico que promete, para aqueles que conseguirem desvendar um enigma matemático, uma reunião com as mais inteligentes mentes da Espanha. Onde estes serão desafiados a desvendar o maior enigma matemático de toda a humanidade. Dentre os quatro felizardos intelectuais, encontra-se o doutorando que teve sua tese roubada a véspera de sua apresentação. Ele no caso recebe o codinome de Galois, em homenagem ao matemático francês Évariste Galois que inventou a teoria dos grupos, mas que morreu durante um duela aos 20 anos de idade. Outro convidado ilustre é o professor que recebeu o codinome de Hilbert (Lluís Homar), em homenagem ao matemático alemão David Hilbert especialista em geometria Euclidiana. O único convidado que não é um estudioso matemático é um inventor que recebeu o codinome de Pascal, em homenagem a Blaise Pascal que estudava a dinâmica dos fluidos e junto com Pierre de Fermat desenvolveu a matemática das probabilidades. O codinome Fermat foi reservado ao suposto anfitrião da reunião (Frederico Luppi) que sofreu uma perda familiar recente. A única mulher do grupo recebe o codinome de Oliva (Elena Ballesteros), em homenagem a escritora espanhola Oliva Sabuco de Nantes Barrera.

Conforme o roteiro dos filmes do gênero, os quatro convidados após a saída furtiva do anfitrião acabam ficando aprisionados a tal sala de Fermat, onde através de um dispositivo eletrônico recebem a missão de desvendar enigmas matemáticos no prazo de um minuto com a punição, caso extrapolem o limite de tempo, é a regressão das quatro paredes da sala através de prensas hidráulicas que inevitavelmente comprimirão todo o conteúdo da sala, dentre eles os próprios convidados.

O divertido dos desafios está exatamente na idéia de não elaborar ou complicar demais os enigmas matemáticos, deixando-os solucionáveis para o espectador comum, que tenta ao mesmo tempo desvendar os enigmas matemáticos e os mistérios da trama. Afinal quem e por que querem matar os ilustres convidados?

Mesmo que a resolução da trama não seja completamente satisfatória ou que a grande premissa do criminoso seja um pouco inverossímil, acaba sendo divertido acompanhar as reviravoltas da trama em simultaneidade com os desafios matemáticos, que acabam por dar um nó na cabeça do espectador. Um bela pedida se não você não se incomodar em falhar ao conseguir obter as respostas em menos de um minuto e ter a cabeça espremida com a velocidade do raciocínio dos personagens ou desventuras do roteiro.

Crítica por: Fabio Yamada.

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