"OUTER RANGE" -2022
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Existem aquelas séries de TV ou filmes com premissas ousadas que tem a intensão de fisgar o espectador pelas curiosidade, inserindo um acontecimento ou elemento inusitado ou sobrenatural dentro de um contexto ou universo já retratado por outras produções. A série “Além da Margem” é um exemplo perfeito disso, temos a tradicional história de disputa de terras entre famílias rivais que possuem fazendas no estado pouco povoado do Wyoming, onde de um lado temos uma família em dificuldade financeiras e com dramas pessoais, do outro lado, uma família rica comandada por um patriarca pouco escrupuloso. Acrescentamos então o elemento mágico, um buraco negro que surge no meio de suas terras que distorce ou perturba as concepções físicas de tempo e espaço.
Se deixarmos de lado, temporariamente, esse novo elemento, a trama é guiada pelo protagonista Royal (Josh Brolin, sempre eficiente), que é casado com a religiosa Cecília (Lili Taylor) com quem teve dois filhos, Rhett (Lewis Pullman) um arrogante e ambicioso cowboy que tenta seguir os passos do pai e Perry (Tom Pelphrey) cuja esposa desapareceu misteriosamente e se vê obrigado a cuidar sozinho da filha Amy (Olive Abercrombie). Uma disputa de terras com Wayne (Will Patton) desencadeia uma briga entre seus filhos Billy (Noah Reid), Luke (Shaun Sipos) e Trevor (Matt Laurie) e os filhos de Royal, que culmina com a morte de Trevor.
O surgimento do misterioso buraco negro coincide com a chegada a fazenda de Royal, de uma misteriosa cientista andarilha, Autumn (Imogen Poots), que tenta a todo custo se aproximar da família de Royal. Afim de proteger seus filhos de uma acusação de assassinato Royal tem a brilhante idéia de desovar o corpo de Trevor no buraco.
A trama prossegue com inúmeras ramificações, entre elas a jornada da delegada temporária Joy (Tamara Podemski), um personagem com origens nativo-americana e lésbica que fica responsável por investiga o desaparecimento de Trevor e que deseja ser eleita a nova delegada efetiva.
Estranhos acontecimentos e comportamento desconexos dos personagens que permeiam a narrativa podem surpreender o espectador, gerando reações diversas, que variam do engajamento pela série ou uma completa repulsa e posterior abandono da trama. No entanto, para aqueles que resistem e perduram até os dois último episódios são presenteados com algumas revelações sobre os mistérios da trama, que se não satisfazem por completo o publico, pelo mesmo abrem novas possibilidades narrativas para uma possível segunda temporada.
Ao final da primeira temporada, apesar da série não corresponder a todos as expectativas criadas em cima da trama, consegue entregar um produto que une dois universos distintos os dramas de faroeste familiar com um tipo sombrio de ficção científica. Os dilemas familiares representam questões universais de qualquer tipo de família, mas a metáfora para o imenso buraco negro que seduz a todos como uma forma de escape para os tormentos e dores do presente é o charme dessa produção. Alguns se apoiam na religião ou na família, existem aqueles que ainda acreditam no amor e outros buscam no sucesso e no dinheiro uma forma de conter ou inativar esse enorme buraco negro que representa o vazio cerceia e preenche a nossa existência.
Crítica por: Fabio Yamada.
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