Crítica: Eduardo e Mônica

"EDUARDO E MÔNICA" -  2020

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Quem é que nunca participou de uma roda de violão onde tivesse tocando alguma letra do Legião Urbana? É meramente, impossível alguém nunca ter vivenciado tal momento, até porque as canções escritas pelo Renato Russo souberam muito bem como adentrar na alma jovem, recitando versos para os melancólicos, os com idealizações políticas e até mesmo para os mais apaixonados. E uma das inúmeras canções românticas do Legião Urbana, que melhor traduz os encontros e desencontros de uma casal adolescente, é a singela canção Eduardo e Monica, que fez parte do repertorio adolescente, principalmente para aqueles que vivenciaram os anos 80, e cantou dezenas de vezes o famoso refrão “Quem um dia ira dizer que não existe razão. Nas coisas feitas pelo coração”.

A partir, dessa canção que o cineasta brasilense René Sampaio, decide levar as telas o romantismo do popular casal dos anos 80, e antes disso René, já tinha adaptado outra canção, Faroeste Caboclo, em 2013.

Quando foi anunciado que Eduardo e Monica, iria finalmente, ganhar uma adaptação para os cinemas, os fanáticos por Legião Urbana, enlouqueceram. É uma das adaptações, mas aguardadas pelos fãs há anos, que inclusive muitos deles criaram seus próprios curtas e clipes de Eduardo e Monica, no youtube. 

Traduzir uma canção ícone oitentista e ainda agradar os fãs do Legião não, é uma tarefa das mais simples. E René, conseguiu essa proeza realizando uma comedia romântica, fugindo um pouco do padrão sem personagens estereotipados vivendo aventuras românticas inusitadas. Nesse caso, a comedia romântica assume muito mais o lado do romanticismo do que a comédia propriamente dita. As situações cômicas ficam mais concentradas no inicio quando o casal está no inicio da sua paixão. 

E difícil traduzir a paixão sem cair na armadilha da cafonice, e Eduardo e Monica, soube lidar com isso muito bem, até mesmo brincando com o amor piegas, na cena que Eduardo, decide cantar Total Eclipse of the heart, a canção chiclete de Bonnie Tyler, para declarar seu amor para Monica, que havia dito numa cena anterior que essa musica é bastante cafona. Mas foi com a cafonice que ela se apaixonou, ou seja, no amor vale até ser piegas. E no final mostra que podemos até se emocionar com piegas, usando a metáfora do peixe no aquário, que por mais que seja clichê demais, não chega incomodar tanto.

Outro fator importante em Eduardo e Monica é a química perfeita entre a dupla de atores Gabriel Leone e Alice Braga, o carisma de ambos é literalmente toda a essência do filme. Eles conseguem segurar toda a carga do filme, sem depender dos meros coadjuvantes que só estão ali, apenas para preencher lacunas do que levar o casal adiante, ou melhor, estão no sentido de contextualizar a letra e a época. No caso, do avô do Eduardo é para centralizar as idealizações politicas de Monica, e do jogo de botão com o neto. A mãe, de Monica é para o incentivo a medicina, e o amigo, do Eduardo, é para apresentar a tal festa com gente esquisita, recitado na canção.

Mesmo que a cafonice, a pieguice e os clichês imperam, para Eduardo e Monica, tudo é valido. Filme que diverte e até emociona para aqueles dos corações apaixonados e saudosistas dos anos 80, e que por sinal com uma excelente trilha sonora.

Crítica por: Luiz Fernando Treviso.

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