"ÁGUAS SELVAGENS" - 2022
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Ao nos depararmos com o trailer de "Águas Selvagens" com co-produção Brasil e Argentina, dirigido por Roly Santos (Que Absurdo es Haber Crecido), baseado no livro El Muertito, de Oscar Tabernise, notamos certa influencia do neo-noir em uma trama aparentemente interessante, que envolve assassinatos e pedofilia. E para compor o centro da trama, o ex-policial, o investigador Lucio Gualtieri (Roberto Birindelli, de "Boi Neon" e "Garota da Moto") foi contratado para desvendar os crimes de homens capados que são encontrados nos rios, que supostamente podem estar sendo cometidos por uma organização criminosa que envolve pedofilia.
O aparentemente interessante fica apenas ao cargo do trailer. Em se tratando do filme em si, a trama não decola e se perde a cada cena. Parece que tudo foi feito as pressas, não respeitando o tempo das ações, é um emaranhado de personagens que no final das contas não traz nenhuma emoção. Ainda mas quando o objetivo era trazer a tona elementos do neo-noir, como a femme fatale, a corrupção e uma atmosfera sinistra. E nada disso acontece. Personagens com uma forte carga dramática tornam vazios, vagos e até as intenções deles tornam-se clichês demais. Culpa de uma decupagem confusa, uma mise in scene preguiçosa, principalmente quando se diz respeito nos momentos de clímax como na cena do tiroteio e em destaque para um epilogo em que a trama é revelada, é de uma vergonha sem fim.
A impressão que se dá é que o cineasta tentou mais não conseguiu carregar a polemica nas costas. A pedofilia que é uma das peças chaves da trama é mal aproveitada, como se tivesse sido jogada sem uma carga dramática. No momento que assistia ao filme, lembrei na hora de Veludo Azul de David Lynch, em que o tema da pedofilia nesse caso ganha um viés que choca, ao invés de destoar como é o caso de Aguas Selvagens.
Tudo é mal aproveitado em Aguas selvagens, começando pelos atores que parecem perdidos e deslocados na trama, como é o caso da atriz Leona Cavalli, uma personagem esquecível e até Mayana Neiva que interpreta uma suposta Femme Fatale sem nenhuma convicção aos moldes de uma femme fatale típica do noir anos 50. Além disso, Roly Santos também não sabe como usar a trilha sonora, que nesse caso é exagerada e é usada em momentos que não precisava, poderia trabalhar mais na questão sonora do que na trilha propriamente dita.
Aguas Selvagens estreia nos cinemas nessa quinta-feira dia 12, e um detalhe interessante é que o longa já teve sua estreia no streaming Cine.ar, uma plataforma argentina, por conta do distanciamento social em 2020.
Crítica por: Luiz Fernando Treviso.
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