"PLEASURE" - 2022
🔑🔑🔑🔑Em meados da década de 1970, em particular nos Estados Unidos, a indústria pornô cresceu de tal forma, devido á extinção definitiva do Código Hays, que nada mais era, do que um código com teor moralista, aplicadas em todas as produções cinematográficas que foi desde 1930 até 1968. Com isso, o cinema pornô surgiu em meio ao fervor da liberdade sexual, ganhando notoriedade em salas de cinema que eram exibidos somente esse tipo de gênero.
Os grandes destaques da época foram os lançamentos dos polêmicos “Garganta Profunda” e “O diabo na carne de Miss Jones”. E que ambos os filmes tinham como único proposito, explorar o corpo feminino em prol dos desejos masculinos. Em Garganta profunda, a trama é basicamente essa, um medico descobre porque Linda nunca chegou ao orgasmo, porque o seu clitóris esta localizada no fundo da sua garganta, e para chegar ao orgasmo propriamente dito, iria precisar encontrar um pênis enorme para realizar o sexo oral. Apenas com essa premissa, notamos o quanto essa indústria comandada por testosteronas, que o orgasmo feminino é o que menos importa, ou seja, a figura feminina sempre será vista nos filmes pornôs como o papel da submissão masculina.
É em torno desse universo, que a cineasta estreante sueca Ninja Thyberg decide adentrar nas raízes do cinema pornô com o bastante polêmico Pleasure que causou impacto no Festival de Sundance de 2021. Antes disso, em 2013, Ninja já havia apresentado Pleasure no Festival de Cannes, em formato de curta-metragem, o qual ganhou o premio da Semana da critica.
A maioria dos filmes lançados sobre os bastidores da indústria pornô foram todos com ponto de vista masculino, como Loovelace e Boogie Nights, dessa vez as coisas reverteram sob o ótica feminina, em Pleasure é a historia de uma jovem de 19 anos Linnéa (Sofia Kappel) que sai da Suécia e vai para os Estados Unidos tentar a vida na carreira de atriz pornô. Chegando a produtora é questionada com uma simples pergunta: “prazer ou dinheiro”. Sem pensar muito, responde imediatamente que é prazer.
A partir desse prazer, somado ao mesmo tempo com a fama, que Ninja filma o submundo do pornô de forma degradante e até mesmo desumano. O contexto de explicito aqui apresentado não é prazeroso, e sim uma peça importante para a reflexão do que realmente esta exposta nas entranhas pornográficas.
Em Pleasure, a personagem que antes queria obter prazer, e que aos poucos, esse prazer acabou se sobressaindo, e dando lugar á fama, ou melhor, dizendo, o prazer, nada mais é, do que ensaiado e puramente falso. As fotos que a personagem posta nas redes sociais após o êxtase carnal, nunca existiu se quer um orgasmo.
Tudo isso se reflete em particular em uma cena, a cena do estupro, que na verdade para a indústria pornô, eles não filmam estupro, e sim, o tal pornô hard core, que de certa forma, é o estupro filmado. Tendo a mulher no papel da submissa, sofrendo as mais diversas humilhações e ainda força brutal masculina. Quando atriz não suportando filmar tal cena e pede para parar, ela é aconselhada por brutamontes, que ela é uma mulher forte.
O que é ser forte em um estupro literalmente filmado? O que é ser forte em não poder gritar numa indústria comandada por homens? A resposta soa simples quando isso é dito por homens. E por meio desses bastidores nefastos que Ninja soube muito bem provocar a verve alfa com certo louvor.
Crítica por: Luiz Fernando Treviso.
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