Crítica: The Deep House

"THE DEEP HOUSE" - 2020

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Todos sabemos que o gênero do está muito saturado de histórias repetidas e vive as custas de modismos, seja em filmes do tipo assassinos slasher, casas mal-assombradas, possessões, exorcismos, animais assassinos, monstros, bruxas, atividades paranormais/ fantasmas/ poltergeist ou os infames found footage, claro sem nunca esquecer as crianças e brinquedos assassinos.

Então quando surge um filme que tenta mesclar histórias ou inovar de alguma forma esse gênero já tão explorado, chega a seu um grande alívio. Essa é justamente a proposta desse filme francês, que acabou se tornando o filme de terror francês mais lucrativo de todos os tempos.

Impossível não se deixar seduzir ou pelo menos ficar instigado com a premissa de um filme subaquático sobre mergulhadores que tentam explorar uma casa mal-assombrada submersa dentro de um lago. 

Na história em si, temos um casal formado por Ben (James Jagger), um mergulhador que sonha em ganhar dinheiro pela internet com suas postagens de cenas subaquáticas e Tina (Camille Rowe) uma estudante de história que se aventura nas loucuras do namorado. Eles chegam a uma pequena cidade e são recepcionados por Pierre (Eric Savin) que promete a eles uma oportunidade única de explorar uma mansão mal-assombrada submersa em um lago artificial.

Após muitas horas de estrada, eles chegam ao lago e dão início ao mergulho que perdurará quase que dois terços do filme inteiro. Eles descem ou nadam por uma escadaria que dá no mausoléu da família Montegnac para logo em seguida flutuarem por cima do portão trancafiado.

Estranhamente a residência encontra-se completamente fechada com portas e janelas de metal. O espaço onde se localiza a mansão não apresenta peixes navegando. O casal é acompanhado por todo o tempo por um drone flutuante que capta suas imagens apelidado de Tom. Após muita insistência, o casal encontra uma janela destrancada no terceiro andar que permite a entrada pelo sótão. 

Eles adentram a escuridão e ao silêncio da casa sempre antecedidos pelo drone Tom que envia imagens simultâneas para os celulares dos dois. Ambos se comunicam por rádio, afinal estão respirando com cilindros de oxigênio. Muitas bonecas estranhas, desenhos esquisitos e fotos assustadoras depois, o casal chega finalmente ao porão da casa onde encontram o casal Montegnac acorrentado ao chão com máscaras de tortura no rostos. 

Não vale a pena revelar mais nada sobre a história, mesmo por que nem tem muita história assim para ser revelada. No entanto, o grande chamariz do filme realmente são as imagens subaquáticas e o tipo de locação inusitados para um filme sobre casa mal-assombrada. Claro já tivemos diversos filmes sobre navios, submarinos e naves assobradas, no entanto, nenhum que realmente teve fantasmas nadando pelos corredores de uma casa submersa.

Alguns poderão dizer: Grande bosta! Sim, eles estão no direito disso. Agora imagine, se fantasmas e espíritos estão em outra dimensão e não são visíveis a nossos olhos. Se trocarmos o meio físico no qual estamos e passarmos para a dimensão subaquática, com nosso personagens navegando sobre portões, flutuando sob o solo e respirando embaixo da água, será que de alguma forma nos tornamos uma espécie de fantasmas dessa outra dimensão?

Se encararmos o filme como uma metáfora para seres que não compreendemos a existência e  possuem características e poderes sobrenaturais, uma coisa tão simples quanto trocar a atmosfera ou meio no qual existem justificaria o que chamamos de paranormal? 

Um filme inteligente com belas imagens e produção cuidadosa que apesar de não inovar quase nada na base de seu roteiro, mas consegue ser extremamente inovador apenas por modificar sua locação, evocando e construindo assim belas e surpreendentes metáforas sobre qual o real significado da palavra sobrenatural.

Crítica por: Fabio Yamada.

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