Crítica: O Homem da Castanha

"O HOMEM DA CASTANHA" - 2021

🔑🔑🔑



Uma nova série de mistério e suspense dinamarquesa com um serial killer que transforma cada cena de crime em um espetáculo macabro sempre acompanhado com o tal homem da castanha, um boneco feito com gravetos e a casca da castanha.

A produção tem seus altos e baixos mas talvez sua maior qualidade esteja na complexidade dos personagens que não ficam presos aos esteriótipos que estamos acostumados a ver em filmes americanos. Assim a protagonista Thulin (Danica Curcic) é uma jovem policial mãe solteira que deseja sair de sua unidade para um trabalho mais tranquilo afim de poder ficar mais tempo com sua filha. O parceiro nerd Hess (Mikkel Boe Folsgaard) que à princípio é rejeitado por ela, também não está muito afim de trabalhar nos casos para o qual foi designado, justamente por estar na cidade somente de passagem, como forma de punição devido algum ocorre cometido por ele na central da capital.

Assim temos uma dupla improvável, entre aspas fazendo corpo mole no trabalho, mas que ao se depararem com os assassinatos em sequência começam a investigar a fundo todas as possibilidades e suspeitos envolvidos. Os assassinatos envolvem sempre mulheres que são mães, mas que aparentemente são vistas com negligentes, seus corpos são dependurados na floresta com um ou mais membros amputados.

O outro núcleo da série é representado por outro casal, Rosa (Iben Dorner) uma ministra do governo e seu marido Steven (Esben Dalgaard Andersen), eles sofreram uma grande perda recentemente com o sequestro e morte de sua filha adolescente. Enquanto, Rosa tenta recuperar sua vida profissional, resta a Steven tentar se curar do alcoolismo e cuidar do filho Gustav (Louis Naess-Schmidt).

As investigações da dupla de detetives apontam algum tipo de relação com o assassinato de Kristine (Celine Mortensen), filha da ministra, mas o comandante da policia tenta a todo custo evitar um envolvimento político e o desgaste da imagem da ministra. No entanto, o perito Genz (David Dencik) descobre as digitais da garota morta nos bonecos de castanhas encontrados ao lado dos cadáveres mutilados.

O mistério que envolve o passado de Rosa e o do misterioso assassino se desenrola até o último episódio, ao mesmo tempo em que acompanhamos o mergulho da improvável dupla de detetives no sinistro jogo do serial killer, fazendo com que Thulin fique cada vez mais distante de sua filha, tornando-se uma mãe ausente e potencial vítima para o assassino em questão.

O mistério consegue prender a atenção do expectador principalmente graças as boas interpretações do quarteto principal que explora muito bem o lado pessoal de cada um deles. A crítica ao machismo vigente em nossa sociedade fica claro diante da evidente troca dos tradicionais papéis entre homens e mulheres, tanto no âmbito profissional quanto emocional. Além é claro de mostrar inúmeros personagens do sexo masculino instáveis emocionalmente que se transformam em verdadeiros monstros diante da incapacidade de lidar com esse novo posicionamento das mulheres dentro da sociedade.

Crítica por: Fabio Yamada.

Comentários