Crítica: Exit

"EXIT"  2019-2021

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Uma excêntrica série norueguesa sobre o mundo das finanças que deixa “Succession" e “O Lobo de Wall Street” no chinelo. A história é inspirada em fatos reais baseada em um série de entrevistas com de milionários da bolsa escandinava.

Na série com duas temporadas acompanhamos as desventuras de quatro amigos, Adam (Simon J. Berger), Henrik (Tobias Santelmann), Jeppe (Jon Oigarden) e William (Pal Sverre Hagen). Todos eles são ricos investidores da bolsa que manipulam ações as custas de informações privilegiadas e vivem exclusivamente para satisfazer seus prazeres e se divertirem, cada um a sua maneira.

Aparentemente todos eles são bem casados ou estão em um relacionamento sólido com suas mulheres, mas vivem em orgias regadas a drogas, muitas prostitutas e comportamentos deploráveis.

Adam é casado co  Hermine (Agnes Kittelsen) que deseja todo custo ter um filho sem saber que o marido é vasectomizado, ela sofre muito dentro de um relacionamento abusivo que descamba para violência física.

Henrik é casado com Tomine (Sonja Wanda) a única personagem negra da série, com quem tem três filhos, mas que odeia a vida em família e acaba se apaixonando pela prostituta Magdalena (Ellen Helinder).

Jeppe (Jon Oigarden) é o único que consegue manter seu relacionamento de fachada durante as duas temporadas, mas para tanto necessita fazer vista grossa em relação as traições da esposa. Ele possui um comportamento extremamente violento e competitivo contra seus inimigos.

William é casado com Celine (Ine Marie Wilmann) mas acaba sofrendo uma crise nervosa devido alucinações que o fazem tentar o suicídio. Ele acaba se separando da esposa após decidir ficar sóbrio e livre das drogas.

No entanto, essa é apenas uma pequena amostra desse circo de horrores que é a vida desses quatro amigos, que não tem nenhum pudor de mostrar seus lados mais obscuros e desprezíveis perante à câmera ou em depoimento para jornalistas.

Durante as duas primeiras temporadas, somos deparados com uso abusivo de todos os tipos de drogas, a todo instante, ocasião e superfície. A violência explode com ataques com facas, pistolas e espingardas. A nudez está em alta com direito a frontais masculinos e femininos, estejam os órgãos em alta ou em baixa. Apesar de serem homens brancos e heterossexuais, eles também estão abertos a novas experiências, mesmo por que como um deles mesmo disse, depois de conseguir tudo o que desejavam ou sonhavam, eles já não sabem o que lhe dá ou não prazer. 

Independente de toda loucura e ostentação dessa trupe, o que realmente assusta é o vazio existencial de cada um deles. Um imenso buraco negro que desvaloriza e desconstrói tudo a sua volta. Um personagem em determinado momento diz que o contrário do vício não é a sobriedade, mas sim a conexão com algo ou alguém a sua volta. Num mundo onde as conexões interpessoais estão cada vez mais raras, fica difícil não se identificar com esse tipo de vida sem limites, nem para cima e nem para baixo. Afinal, num mundo onde nada é real fica quase impossível se agarrar a algo.

Crítica por: Fabio Yamada.

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