"POST MORTEM" - 2021
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Uma deliciosa série norueguesa que mistura terror e humor na dose certa através de uma história sobre uma família que cuida de uma funerária à beira da falência, talvez justamente por ninguém morrer de verdade em Skarnes.
A série já começa de um ponto de partida muito inovador e interessante. O corpo de uma jovem é encontrado em meio ao bosque que circunda a cidade de Skarnes, um pequeno vilarejo com mais ou menos 2500 habitantes. A polícia é chamada e rapidamente os dois policias, Judith (Kim Fairchild) e Reinert (André Sorum) reconhecem que o corpo é de Live (Kathrine Thorborg Johansen), uma antiga paixão de Reinert e filha de Arvid (Terje Strondahl) que é o dono da funerária Hallangen.
Arvid e seu filho Odd (Elias Holmen Sorensen fantástico) são chamados para recolher e ao mesmo tempo reconhecer o corpo. Os familiares de Live encaminham o corpo de Live até o IML para a realização da autópsia. Em meio ao procedimento padrão, logo após a primeira incisão, inusitadamente Live retorna a vida deixando os legistas e espectadores estupefatos.
Toda a cidade aceita o fato de Live ter retornado a vida como apenas um erro diagnóstico devido ao extremo frio da região que poderia ter levado a garota a um episódio de hipotermia. No entanto, seu pai Arvid se mantém distante da filha, as voltas com antigas fitas sobre acontecimentos da vida de sua falecida esposa.
Conforme a trama se desenvolve, vamos descobrindo que Live trabalha como auxiliar de enfermagem junta com a esposa de Odd, Rose (Sara Khorami). Judith, uma chefe da polícia local, tem uma história misteriosa envolta com antigos assassinatos da cidade que envolve o nome da família Hallangen e que pode ter desencadeado o suicídio da mãe de Live.
Após um incrível reviravolta que envolve o sequestro de Live e a tentativa de queimá-la viva no incinerador da funerária, descobrimos a verdadeira razão pela qual Live retornou a vida. A partir daí, várias pessoas começam a morrer em Skarnes, sendo que algumas abençoadas ou amaldiçoadas retornam a vida.
Uma história paralela com a trama de suspense é a da falência da funerária que a todo custo precisa de mortos para conseguir pagar suas dividas afim de evitar que Odd perca sua casa. Essa trama rende os melhores momentos de humor da série, além de possuir pontos de intersecção importantes com a resolução ou não dos assassinatos.
A forma de linguagem narrativa ao mesmo tempo fria e distante das produções dos países nórdicos são capazes de produzir personagens altamente empáticos com a nossa cultura, talvez justamente por estarem tão distante de nossa realidade que se tornam exóticos e possuam uma aura de debilidade, quase extra-terrestres loirinhos e de olhos azuis.
O roteiro foge daquela história pasteurizada e sem tempero das produções americanas que necessitam a todo instante chocar ou provocar o espectador, sem jamais emocioná-lo de verdade. Coisas simples como pequenos silêncios entre dois irmã os demonstram uma cumplicidade que consegue emocionar muito mais do que qualquer discurso que tenta gerar provas de amor. Uma bela forma de mostrar que existe vida após a morte, basta sabermos olhar e enxergar o que precisa ser visto, mas acima de tudo aceitar as coisas como elas são e não tentarmos consertar tudo o que ao nossos olhos parece quebrado.
Crítica por: Fabio Yamada.
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