"PÂNICO 5" - 2022
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Tenho que escrever, para início de conversa, que não sou muito fã dessas franquias com intermináveis sequências. No entanto, também tenho que admitir que quando adolescente, quase criança, adorava assistir aos inúmeros filmes de slasher tipo “Sexta-Feira 13 - 1 a 12” ou “A Hora do Pesadelo - 1 a 6” e, muito pior ainda, o crossover “Freddy vs. Jason”. Ainda bem que isso ficou para trás, num passado muito distante.
Eu entendo que num mundo onde sequências intermináveis do Universo Marvel produzem campeões de bilheterias, todo estúdio de cinema tentem de alguma forma reavivar antigas franquias de filmes que foram sucesso em outra época, vide “Ghostbusters" ou “Star Wars” ou “Jurassic Park” e assim por diante. No entanto, ter a capacidade de criar essas sequências sabendo admitir e realizar uma auto-crítica sobre o por que da necessidade dessas sequências são para poucos filmes, como “Matrix Ressurrections” e esse exemplar do “Pânico 5”.
Afinal, uma franquia cujo filme original já discutia metalinguisticamente as estruturas e regras básicas dos filmes de terror, necessariamente teria que em algum momento discutir sobre a real necessidade de mais uma sequência. Assim chegamos ao filme em si, uma sequências dos eventos ocorridos mais de 10 anos depois dos primeiros filmes, agora dirigido por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett ao contrário dos quatro primeiros que foram dirigidos pelo mestre do terror Wes Craven, falecido em 2015.
Uma nova geração de vítimas e assassinos surge na tela, todos os personagens principais tem algum tipo de relação familiar com os personagens dos primeiros filmes. Temos as duas irmãs órfãs Tara (Jenna Ortega) e Sam (Melissa Barrera), o namorado de Sam (Jack Quaid), o filho da xerife local Wes (Dylan Minnette), os irmãos Chad (Mason Gooding) e Mindy (Jasmin Savoy Brown) sobrinhas de Randy (Jamie Kennedy) e Liv (Sônia Anmar) namorada de Chad. Todos eles continuam morando em Woodsboro, com exceção de Sam que retorna a cidade após sua irmã ser a mais nova vítima do Ghostface.
Sim, o filme começa com mais uma vítima atendendo a famigerada ligação de alguém perguntando qual seu filme de terror favorito, mas o mais interessante é que dessa vez a personagem responde que é “Babadook” e que não tem nenhum apresso pela franquia dos filmes baseados nos assassinatos de Woodsboro. Afinal são aqueles filmes slasher que não levam a lugar nenhum.
Após uma série de reencontros com personagens do passado da franquia, somos brindados com uma bela reunião entre amigos, com prováveis vítimas e possíveis assassinos. Onde uma das personagens profere fantásticas considerações para um hipotético desenrolar perfeito do roteiro de uma continuação da franquia. Uma sequência que provavelmente agradaria o público em geral, incluindo os fanáticos fãs assassinos, seria uma mistura de personagens novos e antigos da série, com uma trama que resvalasse na trama original mas jamais tornando-se uma cópia dos eventos originais, a integração entre novos e antigos personagens deveria trazer algum tipo de elo afetivo ou familiar, a suposta motivação para os assassinatos deveria de alguma forma estar ligada aos propósitos dos assassinos originais e o desfecho deveria fatalmente homenagear o filme original.
Os famosos e inesquecíveis personagens sobreviventes dos filmes anteriores estão de volta à cena, Sidney (Neve Campbell), Dewey (David Arquette) e Gale (Courteney Cox), sendo responsáveis pelas melhores cenas, com direito a finais dramáticos para alguns deles.
A reviravolta final, como esperado, realmente faz uma bela homenagem ao filme original, seja pelo cenário ou personagens envolvidos. Impossível não se divertir com uma franquia inteligente que se utiliza da metalinguagem para discutir vários universos paralelos dentro de um filme ou os filmes dentro do próprio filme, sem a necessidade de criar várias parafernalhas sobre Metaversos ou Multiversos. Uma crítica inteligente não necessariamente voltada para um público pensante.
Crítica por: Fabio Yamada.
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