"O DIA MAIS FELIZ NA VIDA DE OLLI MÄKI” - 2016
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Um filme sobre a vida de um lutador de boxe bem diferente dos que estamos acostumados a ver no cinema americano. O filme baseado na vida real do boxeador Olli Mäki que disputou o título mundial em 1962 foi filmado em preto e branco podendo até lembrar Touro Indomável.
No entanto, não espere aqui a saga de uma vida entre arroubos de sucesso e o declínio de um ídolo. Muito menos a escalada para vitória de um filme como Rocky. Sim, temos lutas de boxe muito bem coreografadas e filmadas. Uma rotina de treinos e dietas. Problemas pessoais e amorosos do protagonista. Tudo isso está lá, mas captado por uma óptica diferente e com ritmo um pouco mais lento. Temos tempo para captar e sentir as emoções de cada momento vivido pelo personagem.
Olli apresenta-se avesso as entrevistas, sessões de fotos e encontros com investidores. Ele adora lutar, é isso que ele sabe fazer. Também já vimos isso em filme sobre grande esportistas. No entanto, o que dificilmente vemos em filmes biográficos de grandes atletas é um foco sensível e delicado para o romance. As cenas dedicadas ao seu relacionamento com Raija tem o mesmo peso que o dedicado ao esporte. O foco está na vida do personagem e não somente em um objetivo a ser conquistado, onde geralmente a dita felicidade só é atingida com a vitória final.
Não temos aqui aquele personagem taciturno moldado por dificuldades da vida, mas sim um adolescente comum que se diverte com seus amigos mas ao mesmo tempo se empenha em praticar o esporte que ama. Um personagem pode ser complexo e ao mesmo tempo leve.
Esse filme, ao contrário de todos os outros filmes sobre esportistas que vi, mostra um personagem por inteiro no qual o esporte não o define como pessoa. A derrota não significa uma derrocada total de vida. A felicidade transparece em pequenos momentos que podem ou não estar relacionadas ao esporte. Onde as dúvidas fazem parte da vida e estas não significam maior ou menor amor pelo esporte em questão. E que por vezes a felicidade pode surgir mesmo que sem uma grande vitória.
O filme funciona melhor quando pensado e comparado com seus antecessores, se não houvesse o excesso talvez não conseguíssemos notar a beleza da simplicidade. Uma obra cuja mensagem é que a gente está onde se põe, que a felicidade é para ser vivida e não alcançada. Isto pode parecer simples a princípio, mas as vezes não conseguimos enxergar as coisas simples.
Crítica por: Fabio Yamada
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