Crítica: Garota de Fora

"GAROTA DE FORA" - 2018

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Tenho que admitir que sempre tenho um pé atrás com produções tailandesas, seja temas repetitivos ou pelo resultado visual pobre por causa do baixo orçamento de seus filmes. No entanto, essa série adolescente de mistério me surpreendeu justamente pela inventividade dos temas abordados e ecleticidade narrativa a cada novo capítulo.

A série gira em torno da personagem principal Nanno (Chicha Amatayakul), uma bela adolescente que ingressa em um novo colégio a cada capítulo. A protagonista trafega do perfil de uma vingadora feminista para entidade imortal, de manipuladora interesseira para garota infernal, por vezes tendo poderes paranormais, mas em outros capítulos apenas uma inteligência acima do normal. Impossível definir essa personagem multifacetada que surge a cada capítulo para expor a hipocrisia das pessoas de cada nova escola, sejam eles professores abusivos ou alunos mentirosos.

Estamos diante de uma produção visivelmente de baixo orçamento que se utiliza de soluções simples para contar sua história fantasiosa. Se a câmera na mão chega a incomodar em determinados momentos e a fotografia e direção de arte não chegam a convencer, o roteiro consegue prender a atenção do espectador. Não que os dramas destes adolescentes tenham algum ineditismo para nós , que já temos a nossa “Malhação”, mas a forma de abordar esses temas comuns se utilizando dessa personagem sem ética e moralmente falha é delicioso.

A cada capítulo ficamos ansiosos para saber qual maldade Nanno irá realizar para punir ou expor seus novos companheiros sem se importar com nenhum tipo de consequência. O sorriso irritante de nossa protagonista pode incomodar muitos espectadores, que podem abandonar a série nos primeiros capítulos devido a performance na atriz principal, mas essa visão debochada faz parte da visão do diretor da série.

Quando chegamos no meio da primeira temporada, temos certeza de que as escolas estão repetindo ou que os atores que interpretam os outros alunos secundários são os mesmos, mas isso pode fazer parte da nossa visão preconceituosa de que todo oriental é igual. 

Mesmo que você não simpatize com nossa anti-heroína, será impossível não se apaixonar por suas brincadeiras maquiavélicas que deixam as "Meninas Malvadas" no chinelo. Claro que a Nanno não tem a beleza plástica e nem o charme da nossa Regina George, mas bem que ela poderia entrar para o grupo das Poderosas ou Plásticas. 

O que mais me fascina nessa série a liberdade de navegar entre o fantástico e o místico sem a necessidade de explicar os poderes da protagonista. Assim o roteirista não deixa a personagem engessada nos padrões ocidentais, podendo criar sua própria mitologia.

Crítica por: Fabio Yamada.

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