Crítica: Deutschland 83

"Deutschland 83 - 86 - 89" - 2015-2020   

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Uma série alemã muito boa, sobre um soldado da parte oriental de Berlim (Martin Rauch) é mandado para o lado ocidental da Alemanha para espionar um general do lado de lá. A série tem seu início em 1983 usando como pano de fundo alguns acontecimentos reais nas temporadas seguintes.

Na primeira temporada, Martin (Jonas Nay) é tirado de seu trabalho no controle da fronteira no muro, para espionar o General Wolfgang Edel (Ulrich Noethen). Nisso ele acaba também se envolvendo com o filho do General,  Tenente Alex Edel (Ludwig Trepte), que também é militar, mas tem seus atritos com o pai e com os ideais ocidentais. Martin ainda tem o "apoio" de Tobias, um espião da Alemanha Oriental que trabalha como  professor em uma importante universidade no lado ocidental. Quando não está incutindo socialismo na cabeça de seus alunos (Active Measures, marxismo cultural, chame como quiser) curioso ver esse professor liderando movimentos pedindo para que o Oeste abaixe suas armas, ele arruma tempo para ajudar Martin a cumprir suas missões. Aliás, é curioso ver esse professor liderando movimentos pedindo para que o Oeste abaixe suas armas. Além do professor, ele também tem outros contatos no lado ocidental que o ajudam nas suas missões.

É interessante a forma sutil como a série mostra a diferença entre os lados do muro, como o povo, mesmo com muito controle estatal sobre todos aspectos da vida consegue burlar a polícia secreta e obter livros proibidos pelo governo como o brilhante "1984" de George Orwell.

A série nessa temporada passa por momentos de tensão, quando Martin tem que cumprir suas missões sem ser pego, e de ação, algumas vezes em que está prestes a ser pego. Apesar de ser alemã, a série tem um estilo parecido com o americano.

Na 2ª  Temporada, 3 anos depois dos últimos acontecimentos do final da primeira, Martin Rauch é mandado para a Angola para sua proteção. Porém, sua tia Lenora Rauch (Maria Schrader) precisa de sua ajuda para finalizar alguns assuntos da Hauptverwaltung Aufklärung (HVA), parte da Stasi que eles servem, na África do Sul. Uma série de erros revelações fazem o ódio de Martin crescer pela tia. Ele passa a maior parte da série tentando se reaproximar de seu filho e se afastar dos assuntos do submundo dos espiões de toda parte.

Essa série mantém como pano de fundo alguns acontecimentos reais que aconteceram na época, e nessa temporada a série se passa em 1986, tendo como acontecimentos o acidente de Chernobyl e o atentado a bomba a uma boate "La Belle" em Berlim Ocidental representados de alguma forma.

Já na 3ª e última temporada, o roteiro gira em torno de uma premissa interessante: o que acontece com os espiões ou até funcionários baixos do regime quando o seu país autoritário ruiu ou está prestes a cair. Lutam pela sua sobrevivência? Temem por retaliações? Veja para saber. Isso também vale uma reflexão para policiais, guardas e outras autoridades sobre se devem seguir todas as ordens absurdas que recebem.

Não é Spoiler pra ninguém que em 1989 o muro de Berlim caiu, depois de uma certa trapalhada de burocratas da Alemanha Socialista, e com ele começa derrocada da União Soviética.

Aqui vai um semi-spoiler (se quiser não leia):

Depois que a série termina vemos uma montagem de vários líderes mundiais se comprimentando e se abraçando, alguns até beijando. Em seguida vemos Trump falando sobre construir o muro no Sul do seu país. Se os criadores quiseram dizer que o muro que Donald Trump propôs com o Muro de Berlim, creio que erraram feio. Um muro para evitar que estrangeiros entrem de forma ilegal no seu país não é a mesma coisa que um muro pra evitar que seus próprios cidadãos fujam dele (com minas terrestres, metralhadoras, cães, etc). Sem contar os absurdos que aconteceram, dezenas de pessoas morreram tentando fugir da maravilhosa Alemanha Socialista.  

Crítica por: Felipe Scripnic