Crítica: Army of Thieves

"ARMY OF THIEVES" - 2021

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Uma produção requintada e inteligente que serve de prequel para o filme “Army of the Dead” de Zack Snyder.

Sempre adorei as músicas que Richard Wagner compôs para o seu conjunto de óperas “Der Ring des Nibelungen”, mas tenho que admitir que nunca assisti nem ao espetáculo e nem tinha quase que nenhum conhecimento sobre as histórias e folclores que compunham a ópera. 

Para compreender um pouco melhor as histórias que o protagonista cita no filme fui ler um pouco a respeito e acabei descobrindo que J. R. R. Tolkien copiou a história do senhor dos anéis do “O Anel do Nibelungo”. Brincadeira, tanto um quanto outro se inspiraram em lendas da mitologia nórdicas, talvez por isso algumas semelhanças superficiais, mas enquanto um traça um ficção que serve como metáfora para um sociedade européia pós-segunda guerra mundial, o outro se aprofundou muito mais nas histórias da mitologia escandinava e germânica para criar um grandioso espetáculo de quinze horas de duração sobre a ambição, o poder e o amor.

A história do filme acompanha a inusitada trajetória de Ludwig Dieter (Matthias Schweighöfer excelente), Um arrombador de cofres amador, se é que existe um arrombador profissional. Ele acaba sendo recrutado pela internet para fazer parte de um grupo de assaltante de bancos que almeja roubar um famoso ciclo de quatro cofres construído por Wagner (risos) que estão espalhados pelo mundo.

Wagner após a perda da família construiu esses quatro cofres aparentemente indestrutíveis e impenetráveis dando-lhes os nomes de Rheingold, Walküre, Siegfried e Götterdämmerung, que se referem as quatro óperas do ciclo de “O Anel de Nibelungo”. Ludwig é obcecado por esses cofres e Gwendoline (Nathalie Emmanuel) se utiliza dessa obsessão para recrutar o inocente arrombador. Fazem parte da trupe Korina (Ruby O. Fee), uma Hacker brasileira, Rolph (Guz Khan), um motorista alucinado e Brad Cage (Stuart Martin), um vilão com pinta de galã.

Como todo filme de assaltos a bancos que se preze, a quadrilha viaja por várias cidade européias, carregando seus computadores e maquinários supermodernos dentro de uma van. Eles planejam exaustivamente os roubos com pausas para momentos cômicos, música, dança e intimidade. Os truques são parecidos com qualquer um dos filmes “Ocean's Evelen" de Steven Soderbergh, sem o elenco milionário é claro.

Temos o mocinho nerd que se apaixona pela bandida gostosona, a nerd que admira o mocinho, a bandida gostosona que se deixa seduzir pelo mocinho e o vilão bonitão que fica com ciúmes. Mais clichê impossível (dava o nome de um filme). No entanto, o que realmente faz a grande diferença do filme é a metáfora traçada entre cada roubo e as histórias de cada ópera criada por Richard Wagner. 

Se na ópera tão admirada por Hitler e pelos nazistas, o poder e ambição podem corromper até as maiores e mais sólidas histórias de amor. O seu final com o fechamento de um ciclo e a destruição do tal anel tão poderoso e desejado servem para demonstrar que assim como a riqueza se molda aos nossos valores mais intrínsecos, a redenção se perfaz ao calor do fogo e da mudança do estado físico, seja no anel se transformando em ouro ou na carne se transformando em espírito.

O filme tem uma bela e clichê função de demonstrar que os nossos bens de maior importância são a vida, o amor, a esperança e a felicidade, nem sempre eles estarão no mesmo lugar, não surgirão concomitantemente ou estaremos na companhia das mesmas pessoas para desfrutá-los, mas sempre deveremos guarda-los com toda atenção e carinho, mas jamais escondê-los dentro de um cofre.

Crítica por: Fabio Yamada.

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