Críticas: 7 Caixas

"7 CAIXAS" - 2012

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Uma surpresa esse filme paraguaio. São poucas as vezes que podemos ter acesso a cinematografia do nosso país vizinho, que apesar de ser outro país, apresenta uma realidade tão próxima a nossa.

Na história temos Victor (Celso Franco, empolgante), um jovem carregador de produtos que trabalha em um mercado de rua da capital Assunção (mas poderia ser qualquer cidade brasileira), que tem o sonho de se tornar um astro de filmes. Para tanto, ele precisa conseguir um celular para ser filmado, ser filmado e virar uma celebridade da internet.

A realidade dele com a concorrência entre vários carregadores do mercado não permite que ele junte muito dinheiro. Um empresário local oferece uma nota de 100 dólares para que ele cuide de suas sete caixas. No entanto, mesmo sem a princípios sabermos o conteúdo das caixas, já deduzimos tratar-se de algo ilegal. A cena na qual o empresário rasga a nota de 100 dólares, entregando a primeira metade e prometendo a segunda metade na entrega do material é fantástica, para lembrar que a narrativa do filme se utiliza de moldes do cinema americano (sonho americano de Victor)  mas ao mesmo tempo realizar uma crítica a soberania americana no mercado mundial, inclusive o cinematográfico. Essa cena será repetida em outro momento do filme, reforçando a idéia de se utilizar o aprendizado que obtivemos com a cultura dos filmes americanos para crítica-los.

O filme é cheio de reviravoltas inteligentes e de perseguições inventivas que se utilizam de carrinhos de mão circulando pelos corredores apertados do mercado de rua, simulando grandes perseguições de carros americanos. O clássico clichê das trocas das caixas também está presente, assim como a desconfiança de que as caixas estejam cheias de dinheiro.

Outra personagem marcante e irritante é a da menina Liz (Lali González, fantástica) que não desgruda de Victor e que além de funcionar como alívio cômico, por vezes representa a consciência tanto de Victor como do espectador, realizando perguntas “inconvenientes”.

A produção que por muitas vezes lembra o filme Cidade de Deus (e outros filmes categorizados como favela filmes) foi o maior sucesso de bilheteria do cinema paraguaio, atraindo na época 250.000 espectadores.

Crítica por: Fabio Yamada.

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