"RELATOS SELVAGENS” - 2014
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Um filme maravilhoso filme com narrativas episódicas dirigidas pelo mesmo diretor, Damián Szifron. Todas as histórias são unidas por um sentimento de ódio reprimido que se extravasa em situações aparentemente rotineiras mas carregadas de stress.
O filme começa com um pequeno teaser da primeira história que se completará ao final do filme, com um avião e seus passageiros simbolizando a própria sociedade argentina.
No segundo episódio temos uma garçonete que trabalha em um restaurante de beira de estrada e que tem que servir um cliente responsável pela ruína de sua família e suicídio de seu pai. A protagonista tem todos os motivos para o sentimento de ódio em questão, mas é graças a cozinheira que acaba por consumar a vingança.
Na terceira história temos um roadmovie de perseguição, que se inicia com uma ordinária discussão de trânsito, marcada com forte matiz da diferença social e de status, representada pela marca dos veículos. A história descamba para a farsa absurda recheada de humor e violência extrema.
No quarto episódio, estrelado por Ricardo Darin, um engenheiro especializado em implosões de prédios atravessando uma crise conjugal tem seu carro guinchado na capital e acaba envolvido em uma espiral sem fim da burocracia estatal, características dos países latinos. Um final explosivo transforma o personagem em um herói trágico nacional.
Na quinta história, o filho de um empresário rico atropela e mata uma pedestre e foge sem prestar socorro. O pai se envolve em uma cadeia cada vez maior de subornos para tentar livrar o filho, na qual tenta convencer seu motorista a assumir a culpa (lembrando um pouco o turco Três Macacos).
No último episódio temos uma festa de casamento, na qual a noiva descobre que o futuro esposo transou com a amiga do trabalho. A noiva enraivecida dá início a uma epopéia de vingança sem proporções, digna dos filmes do Tarantino.
A obra com produção dos irmãos Almodóvar é uma ode a fúria e ira humana relacionada a este sentimento de ódio que explode em reações desproporcionais, evidenciando que existe algo de podre submerso na sociedade atual.
Crítica por: Fabio Yamada.
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