Crítica: The Collapse

"THE COLLAPSE" - 2019

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Um seriado inovador tanto na temática quanto na forma de apresentação que une esses dois aspectos de produção para passar a urgência de sua premissa que debate o colapso da nossa sociedade em vista de uma crise energética desencadeada pelo esgotamento dos recursos naturais.

São oito episódios de quinze minutos filmados, cada um, em plano sequência único. Cada um dos episódios acompanha personagens em momentos chaves após a ocorrência do colapso de nossa sociedade, com exceção do último episódio que acontece três dias antes do acontecimento. Acompanhamos os personagens em um supermercado em meio a população desesperada, em um posto de gasolina onde um policial tenta controlar a situação, em um aeroporto onde um homem tenta sobreviver a qualquer custo, um acampamento onde um grupo tenta ser aceito na comunidade, em uma usina nuclear onde um grupo de pessoas tenta resfriar os reatores com risco de uma explosão, em uma casa de repouso onde um único enfermeiro tenta tomar conta de todos os pacientes sozinho, em um barco onde a passageira tenta chegar a uma ilha cercada de minas marítimas em uma estação de TV onde manifestantes tentam alertar pela última vez a população.

Todos esses pequenos fragmentos de histórias servem para ilustrar pequenas etapas e diferentes faces do colapso dessa sociedade distópica. O ritmo frenético de cada episódio, onde os acontecimentos se atropelam, causam uma sensação de ansiedade e desalento no espectador. Durante quase todo episódio prendemos a respiração a ponto de ficarmos sem fôlego, para no final voltarmos a ficar sem ar. Não existe escapatória. Estamos todos à beira de um abismo. 

Os personagens de cada episódio são colocados a frente de dilemas morais em situações limites, no entanto, não existe tempo para grande elocubrações, assim como o tempo a câmera também não para um segundo. Estamos imersos naquele universo caótico onde o fim de cada episódio é apenas o começo de um novo martírio. Na série antológica somos apresentados a  apenas fragmentos de histórias de cada personagem, a cada novo episódio conhecemos um novo personagem, sem sabermos ao certo o desfecho dos personagens do capítulo anterior. O que fica é a sensação de amargo na boca entrecortada por um suspiro de alívio, pois o nosso martírio tem duração de 15 minutos.

Uma produção extremamente inteligente e realista que tenta humanizar o drama de grandes catástrofes, deixando o espectador mais próximo dessa realidade que tenta a todo custo não enxergar. No entanto, em vigência dos últimos acontecimentos, acredito que as pessoas estão menos propensas a enxergarem o que não querem ver. Fica muito mais fácil negar o que não nos convém do que atuar em cima de um problema. Vamos todos vendados e de mãos dadas rumo ao abismo que nos espera.

Crítica por: Fabio Yamada.

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