"AS ALMAS QUE DANÇAM NO ESCURO" - 2021
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Um belo filme que fez sua estréia mundial no Cinefanstasy 2021 trabalha de forma eficiente e inteligente o velho tema da venda da alma ao Diabo.
O filme apresenta cenas belíssimas da orla do litoral, criando uma analogia entre uma plataforma que adentra o mar e uma cruz religiosa. A cena inicial apresenta o velho clichê do reconhecimento do corpo de uma bela jovem que aparentemente morreu afogada pelo pai, Carlos (Paulo Vespúcio, ótimo). No entanto, Carlos apesar de reconhecer as semelhanças fisionômicas sua filha Fernanda (Elisa Telles) e o cadáver, não acredita ser ela pois sua filha era loira e sem tatuagens enquanto o cadáver tem cabelos escuros e uma tatuagem no ombro. Inconformada, a legista insiste que Carlos deva reconhecer o corpo e admitir que sua filha está morta.
Aos poucos vamos descobrindo, que a esposa de Carlos e mãe de Fernanda falecera de doença neoplásica há menos de um ano. Inconformado, Carlos deseja encontrar o responsável pela morte da filha, acreditando piamente que ela tenha sido assassinada ou compelida ao suicídio. Para tanto, ele vai atrás do tatuador que realizou a tatuagem e descobre que a filha tinha um namorado que tocava em uma banda de rock. Ele vai atrás do sujeito e acaba percebendo que ele nem sabia sobre a morte de Fernanda.
Carlos então desce literalmente ao inferno, chegando a uma boate chamada Inferno onde conhece o host do club de dança (Francisco Gaspar, maravilhoso), um sujeito mais velho barrigudo com fantasia de diabo e seus chifrinhos luminosos, brega no último. Carlos realiza um pacto com o sujeito em troca de algumas informações sobre a morte de Fernanda. Em troca, Carlos deverá matar com as próprias mãos o responsável pela morte da filha.
O filme, assim como Carlos dá várias voltas em torno de si mesmo e apesar de apresentar um desfecho previsível consegue entreter o expectador até o final do filme. Apenas um grande ponto negativo, o personagem do padre Sérgio (Alan Pellegrino) que se destoa do resto do elenco, apresentando uma interpretação histriônica de um padre católico, desacreditando todo um diálogo importante logo no início do filme, chegando a um resultado vergonhoso.
A produção dirigida por Marcos DeBrito, um especialista em filmes do gênero, apesar de ser bem estruturado e com resultado acima da média em comparações a outras obras nacionais, apresenta um roteiro tão bem amarrado que chega a perder um pouco da espontaneidade não gerando nenhuma supresa ou desconforto para o expectador. Qualidades ou defeitos essenciais para um filme de terror, como sempre digo prefiro uma obra que me cause desconforto e raiva do que um filme que me deixe indiferente.
Esse inferno pintado na obra cuja metáfora se dá através de uma pista de dança com música eletrônica pode assustar os desavisados e incautos, mas para eu que já visitei infernos muito mais profundos, escuros e tenebrosos, posso apelidar de parque de diversões ou simplesmente a igreja que visitava todo final de semana.
Crítica por: Fabio Yamada.
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