Crítica: Sombra e Ossos

"SOMBRA E OSSOS" - 2021

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Um seriado baseados nos livros de Leigh Bardugo voltado para o público adolescente, um Game of Thrones infantojuvenil.

Na história repleta de reinos que fazem alusão a grandes impérios do passado, um jogo político que poderá desencadear grandes guerras, muita magia e monstros; e no lugar de uma grande muralha temos a dobra, uma fronteira que separa os reinos cheia de escuridão e monstros voadores que devoram seres humanos.

No entanto, no lugar de intricadas intrigas palacianas que envolvem muita violência e sexo, temos  romances juvenis açucarados e platônicos, muitos momentos de alívio cômico e piadas de gosto duvidoso. Os cenários, figurinos, direção de arte e efeitos especiais são soberbos, criando um universo rico em referências mas pobre em conteúdo, com um roteiro que lembra filmes da sessão da tarde.

O trama criada pelos roteiristas privilegiam o romance e a comédia ao invés de tentar construir uma metáfora em relação a realidade política atual ou a um passado histórico da nossa civilização. Na história que valoriza a diversidade com personagens protagonistas de múltiplas etnias, temos um casal de mestiços chineses, uma ladra talentosa de origem indiana, um príncipe maquiavélico de origem eslava.

A grande premissa da história é a sensação de não pertencimento da protagonista Alina (Jessie Mei Li), que viveu a maior parte de sua vida em um orfanato junto com seu amigo Mal (Archie Renaux), onde sofriam constante bullying devido suas origens orientais. Passados alguns anos, eles tornam-se adultos num mundo em guerra e dividido por um grande muralha de sombras que recebe o nome de Dobra. 

Para se atravessar de um reino a outro somente existem dois caminhos, contornar a Dobra ou arriscar-se atravessa-la em grandes veleiros que flutuam pelo ar sob o comando de Grishas, bruxos que tem os poderes de controlar o vento, o fogo, a escuridão, curar o corpo ou a mente.

Durante uma dessas travessias, Mal como rastreador e Alina com cartógrafa, a embarcação é ataca por monstros alados que se alimentam de carne humana. Alina desesperada ao ver seu amado amigo atacado por um dos demônios deflagra uma luminosidade de seu corpo que afasta as sombras da dobra e afugenta seus demônios, salvando assim a embarcação e sua tripulação.

Descobrimos então que Alina é uma das únicas Grishas de sua espécie, a conjuradora do sol que seria capaz de eliminar a dobra. Ela começa a ser tratada como uma santa por uma parte da população e como uma grande ameaça pela outra metade. Um dos mais fascinados pelos poderes de Aline é o general Kirigan (Ben Barnes), que seduz a jovem afim de poder controlar seus poderes. Iniciando assim um triangulo amoroso que perdura toda a primeira temporada.

Todas as discussões políticas ou intrigas de poder ficam em segundo plano, pois o amor adolescente entre Alina e Mal é capaz de vencer tudo, inclusive poderes mágicos de bruxas, dragões carnívoros, preconceitos seculares, exércitos e as sombras de uma entidade imortal. A única fala interessante da temporada é proferida por um personagem secundário, que diz que muito mais forte do que qualquer exército, muito mais sólida do que qualquer império e muito mais perigosa do que qualquer estratégia; é a FÉ. Sendo assim, uma religião, uma igreja ou a criação de um mito ou entidade de adoração tem um potencial infinito de destruição muito maior do que qualquer monstro comedor de gente do mundo distópico ou vírus mortal da realidade na qual vivemos.

Crítica por: Fabio Yamada.

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