"MALIGNO" - 2021
🔑🔑🔑🔑
Um filme de terror delicioso que não tem nenhuma pretensão a não ser divertir o espectador e homenagear diretores clássicos do cinema Giallo como Dario Argento.
Na cena inicial temos uma homenagem aos filmes de terror e ficção científica dos anos cinquenta com uma criatura maligna dentro de um hospital dizimando e esquartejando a equipe médica que afirma que ela se alimenta da energia elétrica e a responsável pela equipe exclamando que chegou a hora de extirpar esse câncer.
No entanto, o filme real começa a seguir, imagine um casarão antigo cheio de corredores e vitrais coloridos, uma protagonista grávida com cabelos longos e negros com olhos azuis sendo maltratada pelo marido que ainda afirma que ela não é capaz de segurar seus filhos dentro de seu corpo debilitado até o final da gravidez. Uma neblina que insiste em permanecer no entorno da casa e outros ambientes refletindo as luzes coloridas criando uma atmosfera completamente kitsch e brega ao mesmo tempo. Nada mais Dario Argento do que isso, impossível não ficar vidrado nos vitrais coloridos da casa.
O exagero não fica contido apenas nos cenários e direção de arte, a câmera e a montagem ganham asas e percorrem sobrevoando os patamares da casa que ganham camadas assim como a cidade de Seattle que segundo a historiadora local foi construída em cima da cidade antiga destruída por um incêndio. Por falar em camadas, o roteiro assim como a protagonista, a sofredora Madison (Annabelle Wallis) também ganhas camadas, sejam elas psíquicas ou físicas.
Impossível não deixar de lembrar de filmes de terror japonês com aqueles malditos cabelos negros que insistem em atacar suas vítimas, aqui os cabelos adquirem outras finalidades. Se por um lado assistimos um filme inspirado em cinema italiano dos anos setenta com baixo orçamento, aqui James Wan consegue criar imagens belíssimas com efeitos que fazem os cenários derreterem ao redor da protagonista, criando cenas inimagináveis para época de Dario Argento.
O roteiro apresenta vários plot-twists durante todo o filme, mas nenhum consegue superar um próximo ao final do filme, onde uma das vítimas do assassino vestido de preto tenta escapar de seu cativeiro. Se por um lado, alguns críticos reclamarão que não existe nada de novo no filme do diretor, eu posso dizer que amei essa colcha de retalhos que tenta assustar e divertir ao mesmo tempo. Não consigo parar de pensar o quanto o criador da franquia de “Jogos Mortais”, “Invocação do Mal”, “Sobrenatural"e “Aquaman" não deve ter se divertido ao dirigir esse filme.
Uma casa como as de Invocação do Mal; luzes, cenário e iluminação como a de Sobrenatural, a violência latente do Jogos Mortais e um assassino cabeludo como Jason Mamoa que transforma um troféu praticamente em um arpão.
Uma bela homenagem a um estilo de cinema esquecido que não se envergonha de seus exageros afim de deliciar seus espectadores.
Crítica por: Fabio Yamada.
Comentários
Postar um comentário