Crítica: The End - A Escolha

"THE END" - 2020

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Um seriado australiano com dez episódios que tenta discutir sobre o difícil tema da eutanásia ou morrer com dignidade. Temos três gerações de uma mesma família que tentam lidar com seus processos de lutos em diferentes esferas.

A história começa com Edie (Harriet Walter), uma senhora inglesa que enviuvou recentemente tentando o suicídio de várias formas simultaneamente (ligando o gás, saco de plástico e pulando da janela), provavelmente para que no caso dela desistir no meio não ter escapatória. No entanto, ela sobrevive apenas com algumas fraturas após sua casa ser incendiada.

Edie é obrigada então a viajar para Austrália e viver com sua filha Kate (Frances O’Connor) com quem tem um relacionamento difícil. Na verdade, ela não vai morar propriamente com a família e sim numa casa de repouso próximo a casa a filha que é uma médica especializada em cuidados paliativos.

No cenário ensolarado de Gold Cost, Edie tem que se adaptar a nova rotina de vida e ao mesmo tempo aprender a conviver com sua filha e netas, Persephone (Ingrid Torelli) um adolescente com distúrbios de comportamento fascinada com a morte e Oberon (Morgan Davies) um adolescente passando pelo processo de transição de gênero que tentou o suicídio.

Kate é uma médica dedicada completamente contra o processo de eutanásia que defende o valor da vida independente do sofrimento do paciente, incapaz de se relacionar ou enfrentar as dores de seus paciente ou dela própria. O marido de Kate, Christopher (Brendan Cowell) encontra-se preso por tráfico de drogas, enquanto ela mantém casos amorosos fugazes com seu chefe e maridos de pacientes. Um caso específico de uma paciente de Kate, Beth (Brooke Satchwell) deixa Kate fora dos eixos, justamente por ela ter impedido que ela e o marido realizassem a eutanásia com um medicamento contrabandeado, o Nembutal. No entanto, Kate acaba por se enforcar no leito tendo uma morte muito mais dolorosa.

Edie tenta se adaptar a nova moradia e se relacionar com os outros moradores locais, entre eles, Pamela (Noni Hazlehurst), uma mulher libertária e com poucas inibições perante a vida, Art (Roy Billing), um taxidermista com sintomas de demência, Dawn (Robyn Nevin), uma mulher rancorosa e controladora; e seu marido Henry (John Waters) um conquistador que tenta seduzir Edie.

A morte e o luto rodeiam esses personagens desencadeando processos internos e externos irreversíveis em suas vidas. Nem sempre o luto está necessariamente relacionado com a morte física, pode ser uma mudança de comportamento de vida, o fim de uma relação amorosa ou um processo de readaptação. No entanto, em todas essas ocasiões existe um sofrimento intrínseco que somos obrigados a vivenciar, afinal uma escolha sempre envolve uma ou várias perdas.

Uma produção adulta que encara sem preconceitos temas difíceis como a aceitação da morte como um processo de escolha em frente aquilo que não podemos mais chamar de vida. Além de deixar claro que existem batalhas que devem ser enfrentadas com o objetivo de uma nova vida e outras que podem ser encurtadas afim de resguardar o que chamamos de vida.

Crítica por: Fabio Yamada.

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