Crítica: Cidade Dos Mortos

"CIDADE DOS MORTOS" - 2019

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Um seriado russo filmado em 2019 que fala sobre uma epidemia viral que incide sobre o país, inicialmente na capital Moscou. No começo, tanto os personagens quanto os espectadores não sabem direito o que está acontecendo. A imprensa não divulga os números exatos de mortos e as mídias sociais são as responsáveis por disseminar os verdadeiros sintomas e prognósticos da doença (ou seria o inverso na realidade?).

Nesta produção em questão com oito episódios, não teremos mortos-vivos (os pacientes ficam cegos e morrem após três dias), nem grandes deslocamentos de população em fuga ou a pesquisa científica em busca da cura ou de uma vacina.

Nesta história o que importa é como integrantes de uma ou melhor três famílias normais reagem a uma epidemia causada por um vírus mortal. Hoje, como alguns já deveriam saber, com isolamento e distanciamento social. Então essas três famílias tentam a todo custo saírem de Moscou em direção a uma casa isolada num lago no interior do país.

No entanto, é lógico que nenhuma família, ou melhor, nenhum ser humano é perfeitamente normal de perto. Então estamos diante de Leonid (Aleksandr Robak), um milionário ostentador cuja esposa faleceu a pouco tempo, sua namorada grávida Marina (Natalya Zemtsova), que trabalhava como stripper e Polina (Viktoriya Agalakova), uma adolescente alcoólatra que deixou a reabilitação. As outras duas famílias tem como ponto de intersecção Sergey (Kirill Käro) que vive com sua nova namorada Anna (Wiktorija Issakowa), que foi a terapeuta de casal de seu casamento anterior com Irina (Marjana Timofejewna Spiwak), que teve um filho pequeno com Sergey chamado Anton (Saveliy Kudryashov). Além disso, temos Misha (Eldar Kalimulin) filho de Anna de um casamento anterior que tem uma espécie de autismo.

Após um golpe militar no país, Boris (Yuriy Kuznetsov), o pai distante de Sergey aparece em sua casa e convence a todos de embarcarem em uma viagem a tal casa do lago (To The Lake). O ataque de um grupo para militar a casa do vizinho Leonid, faz com que sua família também se junte ao grupo em direção ao lago.

Durante a jornada desse grupo acontecem vários incidentes, geralmente causados pela disputa entre as duas mulheres por Sergey, pela ganância e egoísmo de Leonid, pela loucura de Polina ou pelo altruísmo sem limites de Misha. Como uma amiga sempre me diz toda qualidade carrega intrinsicamente um grande defeito, então o amor das duas mulheres pode se transformar em obsessão, o egoísmo de Leonid origina um senso de proteção e auto-defesa, da loucura de Polina surge uma coragem instintiva e o altruísmo de Misha ocasiona perdas irreparáveis.

Tudo isso embalado em uma fotografia de cinema e uma montagem desenfreada e frenética. Tudo em favor de criar uma narrativa envolvente e imersiva. Durante alguns momentos da primeira temporada não sabemos exatamente onde os personagens estão, como se fosse uma jornada sem fim. Ao contrário do que o título brasileiro sugere, não é exatamente uma cidade de mortos, muito menos um walking dead da vida, são apenas pessoas normais que tentam sobreviver a caminho de um lago, que aparentemente simboliza a esperança em meio a um país com paisagens gélidas.

Crítica por: Fabio Yamada.

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