"ARMY OF DEAD" - 2021
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Mais um filme sobre zumbis tendo agora como cenário a desalmada cidade de Las Vegas. As vezes fico me perguntando se realmente precisamos de mais um filme sobre zumbis. Até o final do texto talvez cheguemos a alguma resposta.
O diretor Zack Snyder praticamente surgiu no cenário cinematográfico com uma releitura dos filmes de zumbis de George Romero, o agora clássico “Madrugada dos Mortos” de 2004. Um frescor de originalidade e tensão em meio aos filmes do gênero, um sucesso de crítica (do gênero) e público que impulsionou a filmagens de séries como “Walking Dead”.
Se antes tínhamos uma metáfora entre os zumbis e humanos consumistas em shopping center, agora temos uma metáfora com o templo da vaidade, ostentação e hedonismo. A maravilhosa sequência de abertura ao som de “Viva Las Vegas” de Elvis Presley evoca o melhor estilo de Snyder, contando em poucas sequências tudo aquilo que já vimos em diversos filmes do gênero, além é claro de apresentar os protagonistas do filme que virá a frente.
Como já disse acima, Las Vegas foi invadida e destruída por uma infestação de zumbis. Foram montados campos de quarentena ao redor da cidade que monitorizam os desabrigados que conseguiram escapar. O governo planeja lançar uma bomba nuclear no feriado de 4 de Julho para comemorar a festividade e varrer do mapa a cidade do pecado.
Scott (Dave Bautista, surpreendente) um dos poucos que conseguiram escapar da cidade durante a invasão, recebe a proposta de Tanaka (Hiroyuki Sanada), um dos donos de um hotel da cidade, de recuperar o dinheiro que está no banco do subsolo de seu hotel. Para tanto, ele e sua equipe receberá 200 milhões de dólares. Scott que agora trabalha como chapeiro em uma lanchonete aceita a proposta e formata sua equipe com sua amiga Maria (Ana de la Reguera), um professor de filosofia que adora sua moto-serra Vanderohe (Omari Hardwick), uma piloto de helicóptero maluca Marianne (Tig Notaro), um matador de zumbis das redes sociais Guzman (Raúl Castillo) e um especialista em cofres que solta gritos estridentes Dieter (Matthias Schweighöfer surpreendente). Paralelamente, temos mais duas tramas, uma na qual Kate (Ella Purnell), filha de Scott que trabalha nos campos como voluntária e tenta salvar uma amiga dentro da cidade; e outra que envolve o rei dos zumbis e uma gravidez inusitada.
Após os 15 minutos alucinantes do filme, qualquer sequência por mais ação, drama ou comédia que tenha vai transparecer arrastar-se na tela para o espectador. No entanto, as brincadeiras e as metáforas intrínsecas sobre os valores de nossa sociedade servem paara demonstrar que enquanto os zumbis de Snyder evoluíram como comunidade nos últimos 15 anos, os humanos (mesmo aqueles ditos altruístas) regrediram e muito no medidor de humanidade, abandonando por completo a bússola moral.
Se antes a maior parte das cenas de terror e perseguição eram em ambientes escuros e noturnos, agora o horror acontece a luz do dia ou dos leds da cidade iluminada. Se as grandes traições e reviravoltas eram reservadas para o momento final do filme, agora os mal-feitores revelam suas intenções sem se importar com a opinião alheia. Tanto protagonista quanto antagonista lutam para salvar ou vingar sua prole com a mesma intensidade de sentimentos. O grande vilão zumbi tem a dignidade de retirar sua máscara antes de abocanhar o pescoço de suas vítimas e quem dá o famoso salto do precipício em direção ao helicóptero em pleno voo não é o herói do filme, ou será que é?
O filme termina com uma bela sequência no deserto, com o reencontro dos personagens com sua humanidade ao som de “Zombie" dos The Cranberries. Em relação a pergunta se precisamos de mais um filme sobre zumbis, talvez para demonstrar o quanto regredimos como humanidade. Se os zumbis de décadas atrás eram seres irracionais e famigerados insaciáveis, como podemos definir o seres humanos atuais?
Crítica por: Fabio Yamada.
Ouça nosso episódio sobre esse filme:
https://apartamento406.blogspot.com/2021/06/podcast-ep-31-army-of-dead.html
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