Críticas: Por Quer As Mulheres Matam

"POR QUE AS MULHERES MATAM" - 2019

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Uma minissérie limitada com 10 episódios que tenta discutir três visões diferentes de mulheres que são traídas em seus relacionamentos em três épocas distintas, cujo único aparente ponto de ligação entre as três narrativas é a casa onde elas residem.

na história acompanhamos a vida de três mulheres: Beth Ann (Ginnifer Goodwin, maravilhosa) na década de 60, Simone (Lucy Liu, fantástica) nos anos 80 e Taylor (Kirby Howell-Baptista surpreendente) na época atual.

Beth Ann é uma recatada dona de casa, casada com um engenheiro da NASA, Robert (Sam Jaeger, sedutor) que a trai com uma garçonete, April (Sadie Calvano). Simone é uma extravagante socialite, dona de uma galeria, em seu terceiro casamento, casada com Karl (Jack Davenport, excelente) que ela descobre ser homossexual. Taylor é uma bem-sucedida advogada bissexual casada com Eli (Reid Scott), um roteirista narcótico em recuperação. O casal transforma-se em um trisal com adição de um caso de Taylor, Jade (Alexandra Daddario, belíssima), mas Taylor começa a se sentir traída e excluída dentro de sua própria casa.

O grande trunfo narrativo da história se dá através de como cada uma dessas mulheres, respeitando à época e o meio social em que vivem, reagem as traições de seus respectivos parceiros. 

Beth Ann se aproxima de April com a finalidade de minar o relacionamento extra-conjugal do marido, mas acaba se afeiçoando com a concorrente justamente por ambas serem vítimas do machismo de Robert e da sociedade da época. No entanto, tudo vira de ponta cabeça ao descobrir que April está grávida de seu marido, justamente por ela não conseguir mais engravidar.

Simone, apesar de ter sido enganada por Karl, que escondeu sua sexualidade por mais de uma década, não consegue abrir mão da amizade de seu companheiro de vida. Ela acaba por se apaixonar pelo filho sua melhor amiga , Tommy (Leo Howard) 30 anos mais jovem. Ela sente uma cumplicidade por Karl, justamente por ambos serem vitimas dessa sociedade que vive de aparências e sofrerem com o preconceito de seus amigos. 

Taylor que aparentemente tem tudo para se sentir segura de sua sexualidade e vida amorosa, aceita transformar seu relacionamento aparentemente perfeito com Eli em um trisal, acaba por ser traída triplamente pelo marido, ele volta a usar drogas, rouba a atenção de sua paixão e ainda consegue ser bem sucedido com seu novo roteiro. A vida dela desmonta e ela abandona sua casa. 

Além do elenco afinadíssimo, a direção de arte com as diferentes época é perfeita, os figurinos são impagáveis. O trabalho de edição é cuidados criando sempre uma transição, seja com objetos, movimentos de câmera ou musicas, entre as cenas das diferentes épocas. O clima de suspense e mistério é acentuado com os prólogos que nos relembram a cada capítulo, que alguém será assassinado por amor, mas nunca revelando qual será a provável vítima.

Esse deslocamento temporal de cada história expõe as mudanças das posições das mulheres dentro de seus relacionamentos amorosos, saindo de uma submissão aparente, para um conturbado jogo de aparências e terminando em uma suposta liberdade adquirida. No entanto, o que não se modifica em nenhuma das três histórias, que se passam na mesma residência, é o sentimento que une essas mulheres que tentam com todas as forças sobreviverem a uma enxurrada de traições, julgamentos e cobranças. 

Todas elas persistem com muito humor, tornando-se sobreviventes, cada uma em sua luta pessoal, sem nunca deixar de acreditar no amor seja ele de qual tipo for. Almejando, quem sabe um dia, adquirirem um pouco mais de amor próprio.

Crítica por: Fabio Yamada.

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