"SKY ROJO" - 2021
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Um série espanhola de Alex Pina, o criador de La Casa de Papel, que transporta o cenário de confinamento da Casa da Moeda de Madri para um bordel na desértica ilha de Tenerife.
Estamos diante de uma produção de homenagem ao cinema de Tarantino que se utiliza da desculpa do tráfico de mulheres para criar cenas de ação com belas mulheres com poucas roupas em cenas de ação cheias de violência e sendo perseguidas em meio a uma paisagem desértica.
A história se resume a três prostitutas que após agredirem gravemente seu cafetão, tentam fugir dos capangas do bordel em perseguições automobilísticas dentro de uma ilha. No entanto, a idéia de um clube de sexo com mulheres traficadas de vários países diferentes da América Latina encarceradas em um templo de neon em meio ao cenário desértico da bela ilha de Tenerife é sedutor. Impossível não pensar em uma mini Las Vegas.
No entanto, as histórias das outras mulheres não são aproveitadas nessa primeira temporada, ficando limitadas a Coral (Verônica Sánchez), Gina (Lali Espósito) e Wendy (Yany Prado), que apesar de terem arcos interessantes não tem suas narrativas aproveitadas em sua plenitude, servindo apenas de estofo dramático ou alívio cômicos para as cenas de ação.
Coral é a narradora da história, uma misteriosa professora de biologia que acaba parando no bordel com a finalidade de se esconder de algo de seu passado. Gina é a imigrante cubana romântica seduzida e enganada pelo cafetão, obrigada a trabalhar no clube. Wendy é uma argentina que morava com sua companheira em uma favela em Buenos Aires e que por escolha própria decidiu aceitar o emprego no bordel afim de conseguir dinheiro para construir uma vida com sua amada.
O dono do bordel é Romeo (Asier Sanchez), o personagem mais interessante dessa primeira temporada e responsável pelos monólogos mais machistas e cômicos da produção. Asier consegue humanizar um pouco o personagem do cafetão deixando Romeo com uma complexidade que se destaca em meio aos outros personagens planos. Se não chegamos a ser seduzidos por seus discursos, por alguns momentos torcemos para que ele sobreviva aos consecutivos ataques e falta de sorte que a vida lhe provém, assim como torcemos para o Coiote do Papa-Léguas. Apesar dele ser um personagem totalmente asqueroso e rancoroso sempre estamos a espera de suas próxima blasfêmia politicamente incorreta. Eu me sinto mal em escrever isso, pois fico imaginando se o povo brasileiro sente isso por seu presidente, no entanto, aqui estamos falando de uma ficção cômica farsesca e não da realidade da presidência de um país.
Um ponto realmente decepcionante da série são os capangas da história, Moisés (Miguel Ángelo Silvestre, lindo) e Christian (Enric Auquer), dois irmãos que consideram Romeo como um irmão mais velho e responsáveis pelos momentos mais sangrentos da história. Os dois não conseguem em momento algum transmitir um perigo real para o espectador e funcionam mais como um alívio cômico com seus arcos narrativos previsíveis. Outro ponto baixo são os clientes do bordel que não passam de arquétipos do homem machista e abusivo que permeiam a imaginação de quem nunca se quer colocou os pés em um ambiente como esse, sem nenhum estofo ou complexidade dramática.
Por fim, assim como em minha viagem para Tenerife, a primeira temporada acaba sem mostrar o principal ponto turístico da ilha, o monte Teide (o pico mais alto da Espanha com mais de 3 mil metros de altura). Fiquei a temporada inteira esperando que ele aparecesse. Realmente frustrante.
Crítica por: Fabio Yamada.
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