Crítica: Quem Matou Sara?

"QUEM MATOU SARA?" - 2021

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A nova série da Netflix mais parece um grande novelão mexicano com seus vilões caricatos. Um produção inspirada nas tramas de suspense e mistério de Agatha Christie onde a cada episódio somos apresentados a possíveis responsáveis pela tal morte do título da obra.

A história se inicia nos anos 90 ao som de “Livin'La Vida Loca” de Rick Martin, justamente para contextualizar a época, numa cena com jovens em um barco no lago. Alex (Leo Deluglio) e sua irmã Sara (Ximena Lamadrid) estão a bordo do barco de Rodolfo (Andres Baida) e José Maria (Polo Morin) que está sendo comandado por Elroy (Marco Zapata). Sara decide subir de paraquedas impulsionado pela velocidade do barco para logo depois despencar nas águas do lago de uma grande altura. 

Somos então transportados para 18 anos depois, com Alex (Manolo Cardona) deixando a prisão onde permaneceu enclausurado condenado pelo assassinato da própria irmã. Aos poucos vamos percebendo, que Alex tem um desejo de vingança pela família Lazcano e que se especializou em tecnologia da computação para conseguir se vingar de seus algozes.

O patriarca folhetinesco da família Lazcano é César (Ginés García Millán), dono de uma redes de hotéis e cassinos na cidade do México, casado com Mariana (Claudia Ramirez), uma religiosa que se auto-flagela com uma cinta-liga de metal. Eles são os pais de Rodolfo (Alejandro Nones) que se casou com Sofia (Ana Lúcia Dominguez), de José Maria (Eugenio Siller) que se casou com Lorenzo (Luis Roberto Guzmán) assumindo sua homossexualidade e de Elisa (Carolina Miranda) que viveu a maior parte de sua vida fora do país.

Logo no primeiro episódio, Alex dá início ao seu plano de vingança invadindo os telões do cassino do hotel durante uma festa e acusando a família Lazcano pelo assassinato de sua irmã Sara. Descobrimos que Sara estava grávida, supostamente de Rodolfo e que a família queria assim se livrar da usurpadora inconveniente, forjando um acidente com um paraquedas danificado intencionalmente.

Através das cenas de flashback repetidas exaustivamente descobrimos o esquema forjado por Cesar, que se utilizou da doença da mãe de Alex pra força-lo a assumir a culpa pelo acidente, prometendo-lhe um encarceramento de no máximo 2 meses, que na verdade se transformaram em 18 anos.

Na época atual, descobrimos que Rodolfo tornou-se um homem frágil e amargurado, que José Maria se afastou da família após sair do armário e que Elroy tornou-se um faz-tudo da família. Com a finalidade de aumentar a vilania de Cesar, adiciona-se a trama o tráfico de mulheres que são obrigadas a trabalhar como prostitutas na área VIP do cassino. Então temos um homem adultero, manipulador, desonesto, machista, homofóbico, controlador, que odeia os filhos e animais. Um patriarca que transforma todos a sua volta em servos contaminados por sua maldade patologicamente hereditária, salvando-se apenas Elisa que saiu do país antes de ser afetada.

Junta-se a isso um sócio mau-caráter, Sérgio (Juan Carlos Remolina) que gosta de bater em mulheres. O romance inusitado pouco crível entre Alex e Elisa. A tentativa de barriga de aluguel de José Maria e Lorenzo. Além da traição e gravidez de Sofia. Temos vários núcleos novelesco embolados, em que cada episódio fornece ao espectador motivações palpáveis mas ao mesmo tempo inverossímeis para diferentes personagens serem assassinos potenciais de Sara.

Funciona como um dos clássicos mistérios do tipo whodunnit de Agatha Christie onde vários suspeitos com motivos palpáveis para um crime se degladiam sob os olhares atentos do detetive Poirot. Com a diferença de que aqui o detetive na verdade é o irmão sedento de vingança e o roteiro é embalado em altas dose de melodrama mexicano com personagens estereotipados e planos mergulhados em situações extremamente previsíveis. As duas únicas coisas que realmente surpreendem o espectador durante a primeira temporada são, em primeiro lugar a capacidade dos roteiristas de menosprezarem a inteligência dos espectadores e o final que tenta dar fôlego a trama com uma reviravolta completamente inverossímil.

Crítica por: Fabio Yamada.

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