"THE NEVERS" - 2021
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Podemos definir a série como um “X-Men” transposto para época vitoriana com elenco predominantemente feminino.
Várias mulheres com poderes especiais, alguns mais úteis e menos constrangedores que outros, agrupadas em um orfanato sob o comando de Amália (Laura Donnely), uma viúva boa de luta que tem premonições e Penance (Ann Skelly), um jovem com inteligência extraordinária que constrói máquinas inventivas. O orfanato é custeado por Lavínia (Olivia Williams), uma cadeirante da nobreza que defende o movimento feminista, que tem um irmão Augustus (Tom Riley), que também possui poderes misteriosos. Ele é amigo de Swan (James Norton), um pansexual da nobreza que tem o desejo transformar seu empreendimento em um prostíbulo com funcionárias com poderes mágicos.
Diante desse cenário, com uma direção de arte fabulosa, fotografia incrível e efeitos visuais de encher os olhos, somos jogados em meio a esse monte de tramas, onde cada uma dessas mulheres, as chamadas tocadas, tem uma premissa relacionada aos seus poderes. Existe é claro o grupo de humanos, predominantemente do sexo masculino, que desejam exterminar essas mulheres “poderosas” afim de manter o patriarcado vigente naquela sociedade.
Existe espaço para romance, traição, amores não correspondidos, uma assassina tresloucada com poderes mágicos, um cientista maluco que realiza experiências com as tocadas, mulheres lobotomizadas que se transformam em escravas, sentimentos ambíguos entre inimigas e amigos. Resumindo uma mistura de tramas que acabam por se tornar inconsistentes justamente por não existir um premissa que forneça um alicerce seguro para o espectador acompanhar.
A sensação que temos é que estamos diante de uma colcha de retalhos com belas estampas, mas que não chegam a comover o espectador em nenhum momento, como se uma trama roubasse o brilho da outra. Existem sequências maravilhosas e envolventes como a cantora Mary (Eleanor Tomlinson) no parque ou o final do primeiro episódio que explica a origem dos poderes das personagens tocadas, mas isso se perde em meio a muitas outras sequências, como se não houvesse uma preocupação com o ritmo de cada episódio.
Joss Whedon, o showrunner da produção abandou a série no sexto episódio, ironicamente acusados de vários escândalos, como instituir um ambiente tóxico durante as filmagens de “A Liga da Justiça”, assédio sexual contra atrizes do elenco da série “Buffy" e acusações de 15 anos de adultério pela ex-esposa Kai Cole.
Uma produção com premissa feminista que defende a bandeira de inclusão de minorias não poderia estar pior comandada do que por um acusado por essa série de delitos. Poderíamos considerar no mínimo hipócrita por parte da HBO, além de pernicioso, manter um showrunner com esse currículo em meio a um elenco predominantemente feminino.
Escândalos de bastidores à parte, a série realmente não empolga e provavelmente está fadada ao esquecimento. Por vezes, o de “The Nevers” do título é um prenúncio de algo que nunca deveria ter saído do papel ou pelo menos não pelas mãos do criador dos primeiros “Avengers".
Crítica por: Fabio Yamada.
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