"A MANSÃO MARSTEN" - 2004
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Uma minissérie limitada baseada em um dos livros mais consagrados de Stephen King “Salem's Lot”. Trata-se do segundo livro do escritor (o primeiro foi Carrie - 1974) e na opinião do próprio escritor, o seu melhor romance (eu prefiro It ou The Stand).
O romance já havia sido adaptado para TV em 1979 por Tobe Hooper (de Poltergeist). Essa nova adaptação com duração de 180 minutos produzida pela TNT com um elenco estelar apresenta um ritmo lento para realizar uma metáfora da disseminação do mal através da história de vampiros em uma pequena cidade.
Na história temos o retorno de Ben Mears (Rob Lowe) retornando para sua cidade natal Jerusalem’s Lot. Ele é um escritor de sucesso que aparentemente retornou para a cidade com a intenção de escrever um livro sobre seus habitantes e a malfadada Mansão Marsten, palco de estranhos crimes testemunhados por ele quando criança.
O retorno de Ben coincide com a compra da mansão por uma dupla de forasteiros Richard Straker (Donald Sutherland, ótimo) um dono de um antiquário e Kurt Barlow (Rutger Hauer) um misterioso visitante. No primeiro dia na cidade, Ben conhece Susan (Samantha Mathis) um leitora admiradora por que sente uma atração quase que imediata e reencontra seu professor de literatura da escola Burke (Andre Braugher), um homossexual enrustido.
O desaparecimento de dois irmãos adolescentes Danny (André de Vanny) e Ralphie (Zac Richmond) tumultua a pequena cidade, cujos moradores começam a desconfiar dos recém-chegados.
Tramas paralelas sobre uma criança maltratada pelos pais recém-casados, a mãe da criança Sandy (Bree Desborough) começa a ter um caso com o pediatra da criança, Dr James Cody (Robert Mammone). Um motorista do ônibus escolar Charlie (Andy Anderson) que maltrata seus passageiros, especialmente Mark (Dan Byrd). Um empresário inescrupuloso Larry (Robert Grubb) que além de fazer toda espécie de falcatrua, maltrata seus funcionários Dud (Brendan Cowell) e Mike (Christopher Morris) e ainda sente um ciúmes doentio da filha Ruth (Penny McNamee).
Todos os personagens são complexos e possuem seus desvios de comportamento e ética duvidosa, mesmo os mocinhos da história. O professor que sente atração por seu aluno, a fã que se aproxima do escritor por interesse, o padre alcoólatra, o médico que tem caso com sua paciente casada, o adolescente que se vinga de seu abusador, a viúva que decide se casar com seu amante, policial que abandona sua cidade infestada por vampiros e o escritor amoral que deseja sugar as histórias de pessoas reais para as páginas de seu livro.
A narrativa da história é complexa e morosa, enriquecendo a construção de seus personagens em lugar de sustos baratos ou de um horror gráfico. Fãs do terror tradicional se decepcionarão com a obra, mas quem deseja visualizar a disseminação do mal em um pequeno microcosmos vai se deliciar.
Como eu sempre digo, o mal é contagioso e se dissemina nas entrelinhas entre a indiferença e a impunidade. A falta de empatia e a ignorância não podem ser desculpas para essa epidemia que mata muito mais do que qualquer vírus mortal ou monstro alegórico.
Crítica por: Fabio Yamada.
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