"DUNA" - 2021
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Um dos filmes mais esperados do ano e consequentemente que gera uma expectativa enorme sobre a obra. Expectativa essa que nunca vai ser correspondida ou satisfeita por completo afinal, quando um diretor como Denis Villeneuve assume a empreitada de filmar o livro de Frank Herbert, ele tem que trafegar na tênue linha entre filmar a história do livro mas ao mesmo tempo surpreender o expectador com imagens que deslumbrem o público transportando-o para um universo que a imaginação do próprio leitor não foi capaz de criar, dando um novo significado para as palavras escritas no livro.
Além disso, temos que ter na mente que esse filme é um blockbuster com orçamento grandioso que precisa render bilheteria, pelo menos o bastante para garantir o segundo filme. Para tanto, o filme deve agradar uma platéia já saciada e viciada em “Star Wars”, “Jornada nas Estrela”, “Avengers” e “Guardiões das Galáxias”. Além disso, tem o público fiel ao diretor que esperada na menos do que ele já tenha criado em seus filmes anteriores, como “A Chegada” e “Blade Runner 2046”, filmes nos quais o diretor deve ter tido uma liberdade criativa muito maior. E ainda por cima tem alguns expectadores chatos que esperam que seu filme se transforme em um novo clássico da ficção científica, como “2001" e “Solaris" e logicamente não para um minuto de comparar cena a cena com o filme de David Lynch de “1984”.
Uff. Ainda bem que o diretor talvez não esteja nem aí com o que todo mundo fica esperando que ele faça e consiga criar um filme ao mesmo tempo original, com várias camadas de leitura, onde nenhuma cena está de graça, onde direção de arte, cenografia e figurino, além de deslumbrantes consegue carregar uma mensagem que reforça e valoriza ainda mais as idéias políticas, filosóficas e ecológicas do livro de Frank Herbert.
Não sei dizer ao certo se o filme correspondeu as minhas expectativas, mas estou extremamente grato por ele ter me surpreendido. Existem público sedento que deseja sair do cinema saciado e saturado, eu me conformo em ser desafiado e incomodado. Sim, eu sou aquele chato que fica lembrando da obra de David Lynch a todo momento, mas tenho que admitir que depois de alguns minutos, eu estava imerso e deslumbrados com as imagens e o universo de Villeneuve criou, esquecendo completamente o filme antecessor.
Não vou ficar aqui, escrevendo a sinopse do filme, no qual o príncipe Astreides, Paul (Timothée Chalamet, definitivo), embarca com sua família real, a mãe Jessica (Rebecca Ferguson, maravilhosa) e o pai Leto (Oscar Isaac), para o planeta Arrakis afim de controla a produção da substância mais valiosa do universo, o petr … “the spice”. Por acaso, esse tal tempero é produzido num planeta desértico com temperaturas escaldantes, habitados por um povo que vive recoberto com túnicas e véus, que segue uma religião que está a espera de um messias. O tempero por acaso, além de ser uma droga alucinógena que abre a mente, permite o deslocamento temporo-espacial que possibilita as viagens espaciais.
A premissa que ainda soa atual nos dias de hoje serve como desculpas para o diretor criar imagens e cenários de cair o queixo. O bom gosto impresso nas imagens serve tanto para deslumbrar como gerar o verdadeiro medo que existe nas páginas do livro, por trás de cada diálogo ou fisionomia das personagens podemos pressupor o destino trágico já imaginado pelos personagens, visualizados pelo protagonista e conhecido do expectador que conhece a obra. Então não existe muito espaços para surpresas nesse roteiro, apenas algumas pequenas pegadinhas metalinguísticas do diretor, que utiliza sonhos para enganar o expectador desavisado.
Se um filme não pode se utilizar de surpresas e reviravoltas mirabolantes para conquistar o espectador, o prazer em consumir a obra deve estar embasado em algo mais profundo, puxando pelos instintos mais internos de público, criando uma ligação e imersão maior de quem consomem aquelas imagens.
Não existe como não se assombrar com as criaturas que andam sob as sombras, criando intrigas e artimanhas nos bastidores da política, utilizando as armas que tem a mão. A personagem de Jessica gera uma empatia imediata com sua beleza frágil e intimidadora. O protagonista que não tem medo de demonstrar toda sua inocência associada a curiosidade, o Paul de Chalamet pode chorar sem perder nada de sua força interior. O deserto por si só consegue intimidar muito mais do que os vermes gigantes com sua bocarras em forma de sol, as dunas de areia que mais parecem um mar de areia com ondas gigantes que a tudo engolem. Os fremens que assim como os vermes surgem por debaixo da areia afim de atacar seus inimigos. Sem deixar de esquecer a Chani (Zendaya) que a todo instante guia os sonhos de Paul caminhando pelo deserto e ao final nos convida para o próximo filme dizendo que isso é apenas o começo.
Crítica por: Fabio Yamada.
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