"EQUINOX" - 2020
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Uma série limitada dinamarquesa de mistério que faz uma releitura sobre a mitologia da Deusa Ostara que está relacionada a páscoa na nossa cultura.
Independente de se tratar de uma boa série de mistério e sobrenatural, esta obra serviu para me explicar um grande mistério da minha infância, afinal o que a ressurreição de Cristo tem haver com ovo de Páscoa? Se você também é um daqueles que nunca entendeu o que o coelho da Páscoa tem haver com ovos coloridos de chocolate e com Jesus Cristo, leia esse texto até o final que tentarei esclarecer mais a frente.
A história baseada em um podcast de sucesso na Dinamarca “Equinox 1985”, sobre o misterioso desaparecimento de 18 formandos, desenvolve-se em duas linhas temporais. Acompanhamos inicialmente o dia de formatura de Ida (Karoline Hamm, cativante) no ano de 1999, quando os formandos daquele ano tem o costume de subir em um caminhão e realizar um peregrinação regada a muito bebida alcóolica, visitando as casas de seus pais em agradecimento. Após alguns desentendimentos entre Ida e sua mãe Lene (Hanne Hedelund), testemunhados por sua irmã mais nova Astrid (Viola Martinssen), Ida sobe novamente na caçamba do caminhão com os outros formandos para nunca mais voltar.
Na segunda linha temporal, acompanhamos Astrid (Danica Curcic, excelente) na época atual, já adulta morando em uma cidade distante da capital. Ela é separada e tem uma filha, trabalhar como radialista de um programa sobre superstições e crenças folclóricas. Durante uma apresentação de seu programa ao vivo, Astrid recebe uma misteriosa e reveladora ligação de Jakob (August Carter), um ex-namorado de sua irmã desaparecida que estava entre os formandos que desapareceram em 1999.
Astrid decide realizar um programa dedicado ao episódio do desaparecimento dos formando e começa a investigar sobre o evento. Ao mesmo tempo em que retorna para a casa do pai Dennis (Lars Brygmann) em Copenhagen, Astrid retorna a ter pesadelos com Ida e os outros formandos presos em um bosque dominado por uma estranha entidade meio homem meio coelho, o homem lebre.
Aos poucos, vamos descobrindo que Astrid ficou muito abalada na época do desaparecimento da irmã e que ela chegou a ser internada numa clínica psiquiátrica devido aos constantes pesadelos e alucinações. Esta foi a causa da separação de seus pais, pois enquanto Lene incentivava que Astrid buscasse nas alucinações alguma pista para o desaparecimento de Ida, Dennis queria afastar a filha desse sofrimento através de tratamentos médicos.
Astrid vai em busca dos três formandos que não desapareceram e foram considerados como suspeitos na época. Os três tinham intima ligação com Ida, Jakob era o ex-namorado, Falke (Ask Truelsen) era um amigo apaixonado e Amélia (Fanny Bornedal) era a melhor amiga. Acompanhamos a viagem de Ida e dos três amigos a uma ilha distante, relacionada a uma misterioso livro que Jakob carrega e a um professor de literatura Henrik (Alexandre Willaume, charmoso), que todos admiram. Durante a viagem todos os três participam de um estranho ritual pagão na floresta.
Astrid quando criança relacionava o desaparecimento de Ida com uma estranha lenda da deusa Ostara, que representa a fertilidade, o amor e o renascimento na mitologia nórdica. Reza a lenda que no equinócio da primavera, o Rei Lebre se apaixonou por Ostara. Alguns dizem que Ostara se transformou em um pássaro e fugiu botando ovos coloridos; outros dizem que num momento de raiva Ostara transformou o Rei Lebre em pássaro. No entanto, a ligação entre os ovos de páscoa coloridos ou de chocolates vem dessa imagem de ressurreição e fertilidade que a deusa da primavera representa, Ostara ou Esotre vem de Ostern/ Easter/ Leste (glorioso, brilhante) de onde se deriva o hormônio feminino estrogênio, que simboliza a fertilidade e o ciclo que dá origem a vida (ciclo hormonal feminino).
Independente de toda mitologia e simbologia inserida na série, trata-se de uma ótima serie de suspense, mistério e fantasia. Se não chega a ser uma nova “Dark”, atinge todos os objetivos com louvor. Alguns podem achar o ritmo lento e o final confuso, mas a produção, fotografia e elenco estão ótimos. Eu sou fascinado por releituras de contos mitológicos, pois afinal, além de nos contarem uma ótima história, passada de geração para geração, essas obras no enriquece com culturas milenares de outros povos e por vezes esclarecendo mistérios de nossa própria infância.
Crítica por: Fabio Yamada
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