"ARMUGAN" - 2020
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Um filme belo e sublime em sua melancolia profunda, no qual assistimos a epopéia silenciosa dos dois protagonistas que acompanham seus clientes em suas últimas travessias em direção a morte.
Anchel (Gonzalo Cunill) se isolou nas montanhas com a finalidade de aprender esse ofício com Armugan (Íñigo Martinez) um ermitão com várias deformidades físicas que o impede de caminhar sozinho. Vários moradores da região e cidades próximas vem a procura de Armugan para que este acompanhe seus entes queridos em seus últimos momentos de vida, aliviando suas dores quando necessário ou apenas servindo como apoio espiritual.
A grande maioria daqueles que necessitam usufruir dos serviços prestados por Armugan são idosos em seus últimos suspiros, no entanto, o insólito pedido da mãe de uma criança moribunda coloca em risco a bela amizade simbiótica entre Armugan e seu aprendiz Anchel.
A produção de Jo Sol é preenchida por longas cenas silenciosas mas de uma beleza fora de série captando texturas, formas e sombras da natureza e dos homens que potencializam a narrativa melancólica. A fotografia, iluminação, direção de arte e cenários consegue deixar as dores que afligem cada um dos personagens quase que palpáveis através da imagens. As imagens em preto e branco conseguem deixar a natureza mais viva e a morte mais suave.
O trabalho dos atores é fantástico que através apenas do olhar conseguem transmitir muito mais do que qualquer diálogo mais elaborado. As grandes discussões e disputas do filme são travadas em um silêncio ensurdecedor, onde pequenos movimentos dos olhos de Armugan ou a ausência deles conseguem transmitir sentimentos indizíveis.
Impossível não se emocionar com esses sentimentos tão presentes em nossa vida no momento. Um verdadeiro aprendizado sobre o que significa acompanhar esses últimos momentos de vida antes da morte, que só conhecem essa sensação, aqueles que por algum tipo de infortúnio já a viveram pessoalmente. Uma bela ode à vida em tons de cinza que tenta vislumbrar esse momento do fim e aqueles que se atrevem a observa-lo sem pestanejar ou lacrimejar.
Crítica por: Fabio Yamada.
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