Crítica: "The Soul"

"THE SOUL" - 2021

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Não confunda esse filme de Taiwan com a animação da Pixar, ambos os filmes tentam falar sobre a transferência de almas para outros corpos, mas enquanto um é uma apologia a vida com todos os seus infortúnios, o outro é thriller de ficção científica sombrio.

O filme se inicia com duas histórias aparentemente paralelas, o assassinato de um grande empresário Shi-Cong (Samuel Ku) por sua jovem esposa Li Yan (Anke Sun) e o drama do promotor Liang (Chen Chang) que sofre devido a um câncer avançado e sua esposa a investigadora Ah-Bao (Janine Chun-Ning Chang).

Liang decide retornar ao trabalho justamente no caso de visibilidade da morte do empresário afim de quitar as dívidas do tratamento de sua doença. Inicialmente somos levados a crer que o assassino foi o filho do empresário, traumatizado pelo suposto suicídio da mãe ocasionado pelo desprezo do marido pela esposa. Somos levados a acreditar numa suposta maldição lançada pela esposa antes de se matar, que teria desencadeado um doença fatal no empresário e a falência de suas empresas.

No entanto, a trama apresenta várias reviravoltas relacionadas ao tratamento inovador para pacientes sem prognósticos com base na duplicação de material genético RNA que seria injetado para renovação de células. Uma discussão superficial sobre o que na verdade significa a continuidade da vida, seja ela através de nossos filhos, através de reencarnações espirituais ou do legado construído durante uma vida.

As pistas entregues pelo roteiro durante o desenvolver da trama nos levam por caminhos falsos até uma reviravolta final surpreendente, onde somos apresentados a uma teoria na qual as memórias de uma vida ou o meio externo não são capazes de moldar a personalidade por inteiro. Nesse ponto chegamos a questão de como se desenvolve nossa personalidade, se ela é norteada pela genética ou pela criação, se nossos valores éticos e morais são rígidos ou moldados conforme a realidade se apresenta para cada um de nós.

Afinal, o que é essa entidade que chamamos de alma? Um conjunto de memórias e valores que desencadeiam nossas ações e sentimentos? A alma pode ser reproduzida conforme estruturamos esses valores e reavivamos nossas experiências de vida? Ou ela é uma entidade espiritual individual que recebemos no momento da concepção?

Ninguém tem essas respostas e duvido de que alguém algum dia as venha a ter. No entanto, podemos ficar eternamente elucubrando se o homem nasce bom e o meio o corrompe ou se o homem nasce mau e o meio o domestica. A igreja e as religiões em geral nos apresentam o inferno para justificar a necessidade de Deus, assim como o taoismo demonstra que o equilíbrio depende da coexistência do Yin Yang.


Crítica por: Fabio Yamada.

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