"ALMAS GÊMEAS" - 1994
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Muito antes das trilogias de O senhor dos anéis e Hobbit, Peter Jackson já havia realizado um filme sensacional (vencedor do Leão de Prata em Veneza), na minha opinião o melhor deles, Heavenly Creatures.
Um filme baseado em uma história real, passa-se na cidade de Christchurch na Nova Zelândia e conta a história da amizade entre duas adolescentes Pauline (Melanie Lynskey) e Juliet (Kate Winslet). Pauline é aquele tipo de garota acima do peso pobre e rejeitada que sofre bullying. Juliet é a menina bonita, rica e elegante mas que tem problema de comportamento. A amizade entre as duas surge a partir de uma rejeição a aulas de educação física na qual comparam suas cicatrizes, mostrando o flerte das duas com a dor e o sádico. Pauline vive numa família feliz que a superprotege, enquanto Juliet é esnobada pelos pelos pais chegando a ser abandonada em uma viagem de família.
A amizade entre as duas progride e elas criam um universo próprio (imagens belíssimas de animação criando um universo paralelo - Quarto Mundo) com direito a homenagens a Orson Welles e orquestrado com músicas de Mario Lanza, um cantor lírico italiano pelas quais desenvolvem uma paixonite aguda. Esse universo lúdico pontuado com pequenos momentos de morbidez é ameaçado quando a família de Juliet planeja afastar as duas amigas por medo de estarem começando uma relação lésbica. A co-dependência entre as duas amigas fica evidente e o comportamento de Pauline evidencia um desequilíbrio importante culminando em um assassinato sangrento.
O filme que no prólogo já anuncia seu desfecho, consegue equilibrar momentos de extremo lirismo, apoiado em uma direção de arte inspirada e pela fotografia, e uma atmosfera de constante apreensão. Sabemos desde o início que existe algo de muito errado com aquelas duas meninas, mas somos seduzidos tanto pela amizade entre as duas quanto pelo universo criado por elas. Impossível não se apaixonar pelos personagens das duas atrizes que entregam duas performances avassaladoras. Um filme imperdível com um final perturbador, que te deixa sem chão.
Crítica por: Fabio Yamada
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