"POLTERGEIST - O FENÔMENO" - 1982
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Um clássico do terror dos anos 80 que conseguiu reunir em um só filme todos os eventos sobrenaturais que serviram de base para os filmes posteriores.
Na época a direção ficou a cargo de Tobe Hooper, que havia dirigido o sanguinolento “O Massacre da Serra Elétrica”. No entanto, o filme foi quase que inteiramente concebido por Steven Spielberg, que produziu e escreveu o roteiro do longa-metragem.
Esse filme de terror para a família conta a história de uma família de classe média que acabou de se mudar para um condomínio. O pai Steve (Craig T. Nelson) trabalha como corretor de imóveis para a empresa que construiu o empreendimento, ele é casado com Diane (JoBeth Williams) com que tem três filhos: a adolescente Dana (Dominique Dunne), o menino Robbie (Oliver Robins) e a inesquecível Carol Anne (Heather O’Rourke fabulosa). Resumindo a típica família dos sonhos americanos.
Logo na cena inicial, no prólogo do filme, o espectador acompanha o cão da família (um enorme labrador) caminhando pela casa com todos os moradores adormecidos. Até que Carol Anne desperta, desce as escadas e para diante da TV. Ela começa a conversar com a estática da TV fora do ar. A família desperta devido ao som alto da TV e observa atônita a interação da filha caçula.
Acompanhamos então a rotina da família típica americana, com o pai assistindo jogos na TV, a mãe que prepara o café-da-manhã, Robbie e Dana vão para escola, enquanto Carol Anne fica com a mãe em casa. Do lado de fora, pedreiros rodeiam a casa enquanto constroem a piscina no quintal da casa.
Tudo vai sendo apresentado com calma, oferecendo ao espectador criar algum tipo de empatia com esse personagens. Alguns eventos paranormais são apresentados eventualmente, como talheres entortados, cadeiras que se movimentam e se empilham sozinhas. Mas é somente depois do primeiro terço do filme que os eventos paranormais ganham um novo contorno, trazendo o terror a tela em meio a uma tempestade assustadora.
Como todos sabem, Carol Anne é raptada pelos espíritos que habitam a casa e levada para outra dimensão. Steve vai atrás da Dra. Lesh (Beatrice Straight sensacional) que investiga eventos paranormais com sua equipe. Após a confirmação destes eventos e várias explicações teóricas sobre o que seriam o tal Poltergeist, Lesh solicita ajuda a Tangina (Zelda Rubinstein sensacional), uma médium vaidosa e rabugenta que tem a missão de trazer Carol Anne de volta para os pais.
Os efeitos especiais fenomenais e assustadores para época envelheceram um pouco mal, mas a história de uma casa assombrada construída sobre um cemitério, cujos espíritos sequestram uma garotinha loirinha de olhos azuis para guiá-los até a luz é inesquecível. “Carol Anne. Venha para Luz”.
Brincadeiras à parte, as histórias assustadoras sobre os eventos misteriosos que circundam a produção do filme, como o assassinato de Dunne e a morte precoce de Heather serviram para criar uma mitologia fantasmagórica em torno do clássico.
Teorias sobre o roteiro fazer menções as disputas entre o cinema e a TV como meio predileto de entretenimento do público, transformando a TV como o grande vilão daquela geração, raptando as almas das pessoas e transformando-as em zumbis, foram aventadas por alguns críticos da época. Imaginem o que eles achariam dos serviços de streaming agora!
No entanto, o que fica dessa produção é o poder de Spielberg de transformar todos os gêneros de cinema, sejam eles terror, filme catástrofe, ficção científica, dramas de guerra, fantasia ou dinossauros, em filmes sobre famílias para famílias. Todo o cenário pode se modificar, seja a época que for, dentro ou fora da terra, o núcleo familiar sempre está presente e seus dramas adjacentes.
Essa é a receita de bolo dos filmes de mestre do cinema. Afinal, que nesse mundo não tem uma família? Talvez por isso, seus filmes tenham com o passar do tempo perdido a relevância. Vivemos numa época em que esse valores familiares se diluíram e foram substituídos por outros. As pessoas se tornaram mais individualistas e não identificam tanto com esse formato. Não digo que isso seja melhor ou pior, apenas é a evolução dos tempos e constatação de fatos. Família não vende tanto quanto vendia nos anos 80.
Um filme assustador de terror que assombra justamente por nos importarmos com os personagens apresentados. Um clássico que inspirou todos aos “Atividades Paranormal”, “O Chamado”, “Sobrenatural" e “Invocação do Mal”. Duvido que alguém que tenha assistido ao filme na época, não tenha ficado algum tempo na frente da tela de TV estática, esperando captar alguma mensagem assustadora.
Crítica por: Fabio Yamada
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