"LIGA DA JUSTIÇA - SNYDER CUT" - 2021
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Um grande e comprido filme de super-heróis que tenta dar conta de além de desenvolver uma trama conjunta entre os heróis, de introduzir pelo menos a histórias de dois personagens que não tiveram e provavelmente não terão filmes individuais, o Flash e o Cyborg.
Como já alardeado por todos os lados, em 2017 Zack Snyder, que já havia dirigido os sombrios “O Homem de Aço” e “Batman vs Superman”, era o responsável pela direção do tão aguardado “Liga da Justiça”. No entanto, o diretor foi obrigado a abandonar a produção devido ao suicídio de sua filha. Joss Whedon assumiu a direção do projeto, encurtando várias sequências e eliminando alguns personagens, dando origem a filme desconexo e com ritmo irregular.
Os fãs de Snyder começaram uma campanha massiva na internet (jogada de marketing?) para o lançamento do corte original do diretor. Muitos não acreditavam que seria possível, tornando-se quase que uma lenda da internet. No entanto, após a fusão entre Warner e HBO e Turner isso se tornou realidade e o filme foi produzido por uma bagatela a mais de 70 milhões de dólares acrescentados ao orçamento de 300 milhões de dólares do filme original.
Na história em si, logo após a morte do Superman (Henry Cavill), o nosso depressivo e cheio de culpa Batman (Ben Affleck) decide criar um time de superdotados para defender a Terra dos possíveis vilões que assaltarão o planeta no futuro. Ele com a ajuda da Mulher-Maravilha (Gal Gadot) e de Alfred (Jeremy Irons), começam a recrutar o relutante Aquaman (Jason Momoa), o bem-humorado Flash (Ezra Miller) e o carrancudo Cyborg (Ray Fisher). Paralelamente, a saga do recrutamento dos nossos heróis, acompanhamos o sofrimento melodramático de Lois Lane (Amy Adams) e de Matha Kent (Diane Lane).
A parte realmente interessante da trama se dá com a introdução de novos vilões, como o Lobo da Estepe (Ciarán Hinds), DeSaad (Peter Guinness) e Darkseid (Ray Porter). Como sempre digo, o grande lance ou atração dos filmes de cross-over de super-heróis não está na história individual de cada um deles, nem na interação entre eles e muito menos na cara nova do ator que vai interpretar o seu personagem favorito, mas sim nos grandes vilões que eles enfrentarão em conjunto. Portanto, tantos os “Avengers" da vida, quanto esse filme da “Liga da Justiça” deveriam investir melhor na criação dos vilões, oferecendo personagens complexos e sedutores para o público, algo pelo qual fosse merecido o agrupamento de tantos super-heróis.
No entanto, a trajetória de solitário Lobo da Estepe não chega a ser explorada completamente e as suas três caixas da destruição não chegar a aterrorizar o grande público a ponto de acreditarmos que estamos realmente diante de uma grande ameaça global. A grande sacada dessa versão, está na criação de um novo final para o filme que sugere, através de uma dimensão paralela a transformação do nosso eterno Superman em um vilão digno de todos os temores do depressivo Batman.
Independente da carência do filme em nos oferecer um vilão digno, apesar de Snyder manter sua visão mais obscura do mundo dos super-heróis, ele acaba por ter que ceder um pouco ao humor da franquia concorrente, inserindo personagens como pequenos alívios cômicos.
Na minha opinião, não me incomodo com a visão sombria dos filmes sobre os heróis da DC comics. O que realmente me incomoda é que apesar da atmosfera sombria dos filmes de Snyder, em nenhum de seus filmes ele conseguiu realmente criar um vilão que fizesse jus a essa atmosfera. Em tempos de pandemia de COVID e governantes negacionistas genocidas, tanto os vilões da Marvel quanto os da DC Comics não passam de meros aprendizes coadjuvantes que pouco assustam espectadores acostumados com a verdadeira dimensão da nossa tenebrosa realidade.
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