Crítica: Battle Royale

"BATTLE ROYALE” - 2000

Um filme japonês baseado no livro polêmico de mesmo nome de Koushun Takami, publicado em 1999, que tornou-se um best-seller.

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 A história é sobre um grupo de alunos do ensino médio que são forçados a lutar um contra o outro até a morte, fazendo base de um programa instituído por um governo japonês totalitário.

O enredo é muito semelhante ao do livro e do filme Jogos Vorazes, que foram publicados posteriormente, tanto ao livro quanto ao filme japonês (plágio?).

A produção japonesa, com um orçamento milhares de vezes menor que a produção americana, apresenta efeitos especiais bem mais modestos, mas não chega a fazer feio. O roteiro e as cenas são muito mais violentas e cruéis. O número de participantes do programa é bem maior, portanto visualizaremos muito mais mortes, dos mais diversos tipos. 

Enquanto, na distopia americana existe uma preocupação muito maior com o lado sócio-político do mundo, com províncias divididas que necessitam oferecer seus tributos (dois jovens). No filme japonês, os alunos de uma classe do secundário são sequestrados durante uma viagem de excursão e levados até uma ilha remota onde se dará a batalha real.

A presença de Takeshi Kitano como o professor revoltado-vingativo-psicopata é um bônus. Acompanhamos o inocente casal formado por Nanahara (Tatsuya Fujiwara) e Noriko (Aki Maeda), que armados de uma tampa de panela e uma lanterna, tentam sobreviver ao ataque dos outros alunos. A brincadeira com a idéia de que disputas inocentes do colégio (afetivas, esportivas, bullying, ostentação, inveja) podem crescer exponencialmente em um ambiente de vale-tudo mortal, com cada participante liberando todo seus ódios e rancores sem nenhum pudor, é absolutamente fantástica.

Entre os alunos temos todos os arquétipos dos filmes colegiais americanos, o grupo de nerds, a patricinha, a vadia, a esportista, a tímida, o galã apaixonado, o atleta, o gordinho covarde, o clube da luluzinha, estão todos lá destilando seu veneno para cima dos colegas, armados com rifles, machados, foices e balestra.

Como no filme americano, temos os anúncios das mortes do dia, das áreas de perigo e até algum tipo de interferência do professor. Alguns momentos de romance, com direitos a flashbacks explicativos, são risíveis, mas OK. Os momentos de sangue e violência compensam esses pequenos deslizes.

O filme, segundo algumas publicações, é um dos preferidos de Quentin Tarantino (não que isso represente muita coisa). Em seu filme Kill Bill existem várias referências ao filme japonês, desde a roupa usada por Uma Thurman (icônico uniforme amarelo), a presença da colegial asiática assassina e sua intérprete, a atriz Chiaki Kuriyama que também participa do filme Battle Royale.

A obra de Kinji Fukasaku é perturbadora e violenta, principalmente se levarmos em conta a quantidade de tiroteios e massacres dentro dos colégios, que ocorrem desde o século passado, principalmente em solo americano. No entanto, neste caso ele utiliza toda essa violência como metáfora para a atmosfera de concorrência dentro dos colégios japoneses, cuja cultura oriental (mas também americana) é a de que você precisa ser o melhor, caso contrário sempre será um fracassado.


Crítica por: Fabio Yamada.

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