Crítica: Modo Avião

 "Modo Avião” -  2020

O filme que se entitula como o filme de língua não-inglesa mais assistido da Netflix e que não por acaso tem Larissa Manoela como protagonista.

🔑🔑




Honestamente, não se trata de um filme que eu normalmente tenderia assistir (muito menos pelo tal título que a obra empunha com tanto orgulho), mas por motivos diversos fui obrigado a assistir.

No filme temos Ana (Larissa Manoela) como uma influenciadora digital viciada no celular (ou uma nomofóbica) que trabalha para uma empresa de roupas tentando empurrar seus trajes do dia-a-dia para seus seguidores. Ela tem que se manter on-line praticamente o dia todo, vendendo o seu dito lifestyle, onde tudo é fake na tentativa de angariar mais seguidores ou likes na internet, inclusive seu relacionamento amoroso.

O grande conflito do filme se inicia com Ana sofrendo vários acidentes automobilísticos por estar usando o celular ao dirigir (talvez essa seja a mensagem mais assertiva do filme). Antes que ela sofra um acidente fatal ou fique com alguma sequela, seus pais simulam uma condenação com um ator do trabalho da mãe fazendo o papel de um promotor, que condena a protagonista a se afastar totalmente do celular (se desconectar) e se mudar para uma cidade do interior, onde mora seu distante e mal-humorado avô.

Ana se muda para a cidade e reencontra seu avô Germano (Erasmo Carlos), que não via desde a infância, talvez por culpa da briga entre seu pai e o dito avô, por causa de um desentendimento a respeito da morte da avó.

Na cidade do interior, Ana descobre as coisas simples da vida e se aproxima de seu avô ao mesmo tempo em que descobre sobre a vida de sua avó. Ela começa a fazer trabalhos manuais e descobre seu talento como designer de moda ou estilista, utilizando antigos modelos e tecidos de sua avó.

Claro, não podemos nos esquecer do interesse amoroso verdadeiro que ela desenvolve por um garoto local, João (André Luiz Frambach), que sonha em ser um chef de cozinha. 

No entanto, como não poderia deixar de ser, quando tudo está dando certo e Ana finalmente está feliz com sua vida real, durante uma festa da colheita da cidade, sua ex-patroa rouba os desenhos de sua coleção de roupas e Ana descobre que tanto seus pais, avô e futuro ex-namorado participaram de um conchavo de mentiras que a deixaram presa naquela cidade, criando uma nova falsa vida real para ela (entendeu? falso-real).

Ana, que antes havia abandonado a vida fake, agora abandona a falsa vida real (sua família e amigos) e volta para cidade para retomar sua vida vendendo moda para pets. Após várias reviravoltas, ela retoma sua coleção de roupas, sua família e fica com o cozinheiro.

Um filme que mistura O Diabo Veste Prada com o Retorno para Casa e se utiliza da persona de Larissa Manoela justamente para criticar o vício da nova geração em celulares, aplicativos, influenciadora digitais. O filme é uma colagem de vários filmes estrangeiros de sucesso, fatos encadeados um atrás do outro, que as vezes não tem tempo de serem desenvolvidos (talvez nem fosse a intenção desenvolve-los), sendo apresentados para serem rapidamente assimilados e esquecidos. Imagine um Andy do filme acima, que ao invés de jornalista deseja ser estilista, ela já nasce deslumbrada e é forçada a cair na real. Uma Miranda menos complexa e malvada, que deseja rouba o sucesso da funcionária. Trazemos isso para o mundo moderno da internet ao invés das revistas impressas. Tcham! Temos Larissa Manoela no lugar de Anne Hathaway.

Aceito que o filme e o roteiro tenham como objetivo atrair a maior quantidade de público possível, principalmente jovens fãs seguidores da promissora atriz e escritora. No entanto, utilizar-se desse público para fazer uma crítica a febre dos influenciadores digitais e suas lifestyles falsas. Não acredito que isso seja ética ou moralmente aceitável, no mínimo discutível.

Crítica por: Fabio Yamada.


Comentários