"POST TENEBRAS LUX” - 2012
O cineasta Carlos Reygadas não realiza um cinema simples.
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Ele produz o chamado cinema sinestésico através de imagens e cenas poderosas. No filme Post Tenebras Lux, ele apresenta uma história não-linear, um conjunto de sequências filmadas com um elenco formado por membros de sua família, esposa, filhos e até os cachorros. Ele venceu o prêmio de melhor diretor em Cannes por esse trabalho.
Durante todo o filme é utiliza uma lente que mostra o foco no centro da tela, deixando as bordas da tela completamente fora de foco, como se mimetizasse nosso olha e a mesmo tempo numa tentativa de direciona-lo.
Existem várias sequências poderosas no filme. A cena inicial com uma criança caminhando sozinha num campo inundado por águas da chuva, em meio a animais da fazenda (vacas e cachorros) sob uma luz crepuscular simbolizando o contato humano com a natureza. A criança entrando em contato pela primeira vez com esses animais pode ser uma metáfora para criação do homem. Ainda não sabemos se as trevas do título do filme já se passaram ou ainda estão por vir.
A sequência do casal principal em um cenário mais urbano, em meio a uma orgia sexual dentro de uma sauna mista, na qual ironicamente cada sala tem o nome de um filósofo transmite um misto de desejo e repulsa. A tentativa do casal em sair de sua rotina sexual pode simbolizar o pecado original e sua consequente expulsão do paraíso.
Existem duas sequências surrealistas no filme, a primeira uma auto-decapitação no meio de um campo deserto e a segunda um demônio vermelho que caminha dentro da casa, prenunciando as trevas que ainda estão por vir. Essa abordagem surrealista com toques religiosos lembra remete aos trabalhos de Darren Aronofsky em Fonte da Vida e Mother.
Trata-se de uma experiência sinestésica cheia de simbolismos, o filme deve ser sentido e não racionalizado. Suas sequências são soltas e sem nenhuma preocupação com a narrativa clássica. Devemos realizar um percurso pela história como se estivéssemos visitando uma exposição de artes plásticas, pulando de uma instalação para outra. O conjunto de sensações ou experiências formarão o nosso conceito sobre o filme.
Crítica por: Fabio Yamada.
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