Crítica: "A Grande Beleza"

"A Grande Beleza" - 2013

Um filme mosaico cheio de imagens belíssimas de Paolo Sorrentino. O filme é como um passeio por um museu (Roma museu à céu aberto), onde somos guiados pelo protagonista que nos apresenta belas pinturas e ao mesmo tempo discursa sobre o vazio de cada obra.


🔑🔑🔑🔑🔑



Na história somos apresentados a Jep Gambardella (Toni Servillo glorioso) e seus amigos boêmios da alta sociedade romana. Todos os personagens vivem a vida entre festas, exposições, apresentações de teatro e velórios. A beleza da riqueza, dos figurinos, dos cenários, das paisagens contrastam com o vazio existencial e moral de cada personagem. Todos eles, sem exceção vivem da esperança de encontrar ou das memórias de um dia ter encontrado a tão desejada grande beleza. Assim como essa grande cidade italiana ou as ruínas da grande civilização romana vivem e caminham em cima de um passado que não existe mais. Essa carcaça cheia de labirintos belíssimos serve apenas para esconder falhas, vícios e vazios de fantasmas ambulantes. Um retrato não só da Itália, mas de uma época, que não é nem melhor e nem pior do que outras que já vieram, apenas esvaziada de sentido.

Um filme inesquecível, que se utiliza da direção de arte, fotografia, figurinos e trilha sonora para escancarar esse abismo entre a beleza de grandes palácios e o seu vazio interior.  Todos os personagens, desde a menina artista, a prostituta sentimental, o ator sem talento, a freira franciscana até o protagonista escritor de um livro só, exibem essa beleza vazia mas cada um deles conseguem expressar a dor de quem ainda acredita. Nada mais simbólico do que as sessões de botox tratadas como uma missa papal, o fotógrafo que tira auto-retratos diários durante anos ou o mágico que faz a girafa desaparecer mas insiste que é só uma ilusão. Existe a beleza escondida dentro de cada um desses vazios. Impossível não chorar diante da beleza desse grande espelho.

Crítica por: Fabio Yamada



Comentários