Crítica: "Hollywood"

 “Hollywood" - 2020

Mais uma produção esplêndida de Ryan Murphy. O showrunner entra na onda de ficcionar fatos e personagens históricos, modificando os desfechos reais.

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Na história acompanhamos o cruzamento das vidas de vários personagens, alguns baseado em pessoas reais e outros ficcionais. O protagonista Jack Castello (David Corenswet, uma surpresa) sai de uma pequena cidade do interior em busca do sonho de se tornar um astro. No entanto, como uma assistente de elenco afirma no primeiro episódio, homens bonitos e charmosos sem experiência em atuação existem aos montes. Ele acaba começando a trabalhar como frentista em um posto de combustível, chefiado por Ernie West (Dylan McDermott), que oferece serviço sexuais aos clientes, para poder sustentar a esposa e o filho que esta por vir. Através desse serviço, ele conhece Avis Amberg (Patti LuPone fabulosa) esposa do dono de um grande estúdio, Ace Amberg (Rob Reiner). Afim de atender clientes homossexuais, ele arregimenta Archie Coleman (Jeremy Pope luminoso), que tem o sonho de se tornar um dos primeiros roteiristas negros. Paralelamente, temos a história de Raymond Ainsley (Darren Criss sempre competente), um diretor que esconde suas origens filipinas. Ele namora Camille Washington (Laura Harrier), uma atriz iniciante que recebe apenas papéis de empregadas cômicas. O roteiro do filme Peg escrito por Archie, que conta a história de uma jovem atriz frustada que se suicida se jogando do famoso letreiro de Hollywood, começa a fazer sucesso (até o momento do estúdio descobrir a cor do escritor), originando uma disputa para os papéis principais. Archie conhece, através do serviços do posto, Rock Hudson (Jake Picking fantástico), um ator promissor que sofre assédios e abusos de seu poderoso agente enrustido, Henry Wilson (Jim Parsons espetacular). Em contraste com o personagem de Parsons, temos Dick Samuels (Joe Mantello) e Ellen Kincaid (Holland Taylor) produtores do estúdio Ace, que arriscam suas reputações e empregos, investindo no revolucionário roteiro do filme Peg. Archie e Rock se apaixonam e assumem uma relação amorosa afrontando todo o preconceito da cidade dos sonhos.

O seriado cria uma perspectiva paralela e utópica sobre o que poderia ter acontecido se pelo menos um estúdio cinematográfico tivesse investido contra o preconceito racial, contra a homofobia e o machismo vigente na primeira metade do século XX. Quais seriam as consequências e os desdobramentos na sociedade atual se essas minorias tivessem uma maior representatividade no meio cinematográfico?

Um projeto visionário e humanista que contrasta muito com o momento atual, com nossa sociedade cada vez mais conservadora, xenófoba e excludente. O que fica é um sentimento melancólico do que um dia poderia ter acontecido. Dizem que uma gota em meio ao oceano não é nada, mas tenho que admitir que chorei quando o filme coreano ganhou o Oscar.

Crítica por: Fabio Yamada

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