Crítica: Marjorie Prime

"Marjorie Prime” - 2017

Um filme maravilhosamente doloroso para quem convive com a doença de Alzheimer na família. Ele utiliza o gênero de ficção científica para falar sobre memórias e de como as gravamos em nossa mente. Mais um daqueles filmes difíceis de catalogar.


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No filme estamos em um futuro próximo, onde foram criados hologramas de entes queridos que partiram (Primes) que fazem companhia aos familiares remanescentes. Na história temos Marjorie (Lois Smith magnífica) que utiliza o programa para relembrar ou reviver seu relacionamento com o falecido esposo Walter (John Hamm). Ela lembra-se dele em uma versão mais jovem, não da dele idoso. Ela mora com sua filha Tess (Geena Davis) e seu genro (Tim Robbins).

Existem vários plots no roteiro, todos brilhantemente entrelaçados, que discutem as lembranças, dores e a morte. No entanto, o que quero ressaltar aqui é a capacidade que o filme tem de se colocar no lugar da protagonista. Ela não consegue mais diferenciar o que é memória, ilusão, passado e presente. As memórias que ela construiu não correspondem verdadeiramente aos fatos que ocorreram. O passado vai se modificando conforme a doença (ou o tempo) avança, como se fosse uma coisa mutável. As memórias e as ilusões voláteis moldam as reações do presente, modificando o futuro. É absolutamente brilhante e aterrador como tudo é instável. Se a nossa memória é capaz de nos enganar e modificar o passado (que pensávamos ser concreto e imutável), imagine o futuro. Nós não temos controle algum de nada.

A nossa memória é frágil e nem sempre confiável, mas nem por isso menos verdadeira. A única certeza é de vamos viver, amar, sofrer, perder, esquecer e lembrar; e que nada disso é eterno. Tudo passa.

Crítica por: Fabio Yamada


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