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Apartamento 406
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"A Fraternidade é Vermelha” - 1994
O último filme de uma trilogia maravilhosa do mestre Krzysztof Kieslowski, na qual usando os elementos das cores que simbolizavam os ideais iluministas criou contos sombrios e irônicos inspirados nos valores da sociedade atual sobre Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
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- Na história temos Valentine (Irene Jacob maravilhosa), uma modelo que tem um relacionamento a distância com Michel, um namorado ciumento. A vida de Valentine se cruza por acaso com a de Auguste (Jean-Pierre Lorit), porém eles não chegam a se conhecer, ele um homem em crise por ter perdido a namorada (mais tarde no enredo descobrimos uma interligação com decisões do juiz). Durante a volta de um evento, Valentine está dirigindo seu carro e atropela um cão. Na tentativa de contatar o dono do cão, ela conhece Joseph (Jean-Louis Trintignant), um juiz aposentado e amargo que tem como hobbie espionar a vida de seus vizinhos através de escutas telefônicas. Joseph recebe muito mal Valentine e ela fica horrorizada ao descobrir os atos do juiz. No entanto, tanto o sentimento de ter julgado mal o velho solitário quanto o idéia de que estamos sempre observando (espionando e julgando) os outros começam a fascinar Valentine, que acaba por se envolver na situação com sentimentos ambíguos.
Kieslowski tem o domínio total da narrativa e do que quer mostrar com a câmera, a direção de arte elegante com apuro visual e a excelente fotografia de Piotr Sobocinski,que abusa com elementos vermelhos sempre presentes na tela (semáforos, bolas de boliche, cerejas, roupas, cortinas, painéis) exaltam esse componente de conflito interno e externo. Estamos sempre a espera que algo de ruim aconteça. A música de Zbigniew Preisner (sempre presente nos filmes de Kieslowski) é grandiloquente e elegante ao mesmo tempo criando um ambiente de tensão contínua.O momento em que o filme foi lançado com o projeto da União Européia, no qual vários países estavam se unindo sob uma única bandeira (contrário ao processo de desconstrução atual - movimentos nacionalistas da extrema direita), um continente que originou as duas grandes guerras e que parece estar em constante ebulição por rancores antigos.O naufrágio da balsa no final do filme, cujos únicos sobreviventes são os protagonistas dos três filmes da trilogia, pode simbolizar que a tal dita fraternidade só se origine dos momentos de verdadeira catástrofe, que os homens se unem apenas para enfrentar um mal maior, para logo depois voltarem a se odiar. Essa fraternidade humana é regada com as cores vermelhas do sangue.Crítica por: Fabio Yamada
Crítica
Fabio Yamada
Filme
Irene Jacob
Jean-Louis Trintignant
Jean-Pierre Lorit
Krzysztof Kieslowski
Piotr Sobocinski
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