Crítica: "Ema"

“Ema" - 2019

Um filme inquietante e perturbador de Pablo Larraín. Deixando um pouco de lado a filmografia do diretor, com seus filmes históricos, aqui ele cria uma fábula libertária que mistura música, dança, sexo e revolta.


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A protagonista Ema (Mariana Di Girolamo visceral) é uma dançarina casada com o coreógrafo Gastón (Gael García Bernal contido). Ele é infértil e o casal decide adotar um adolescente Polo (Cristián Suárez), que causa um incidente domiciliar queimando o rosto de sua tia. O casal que já vivia em crise decide reverter a adoção e abandonar Polo.

O desejo de liberdade da protagonista entra em choque com sua necessidade de ser mãe. Isso dá início a uma saga em que Ema tenta recuperar o filho. Ela passa por cima de todas as convenções como se fosse um trator, reduzindo à cinzas tudo que acredita estar errado. Os personagens masculinos são meros fantoches manipulados por Ema.

As cenas de dança acompanhadas de músicas de reggaeton ressaltam a liberdade corporal muitas vezes associada a liberdade sexual (Nem sempre sexo é libertário, as vezes pode ser uma prisão). A fotografia de Sergio Armstrong é estupenda tantos nas internas dos números de dança quanto nas paisagens de Valparaíso. A metáfora entre o instinto libertário e a obsessão piromaníaca de Ema é instigante (O relacionamento com um bombeiro vivido por Santiago Cabrera é uma provocação). A liberdade só pode ser alcançada quando nos libertamos de nossas amarras com convenções antigas, as vezes precisamos botar fogo em tudo para conseguirmos o que queremos.

Crítica por: Fabio Yamada

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