Crítica: Denise Está Chamando

"Denise Está Chamando" - 1995

Uma comédia deliciosa para esta época de isolamento social. 

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Um filme do século passado, antes do surgimento das redes sociais, mas que ajuda a explicar a disseminação e o sucesso destes mecanismos ou apetrechos que simulam uma aproximação interpessoal.

Na história que se passa em Nova Iorque, um grupo de amigos que provavelmente nunca se viram ao vivo, mantém uma rede de amizades através de comunicação telefônica (naquela época ainda era possível a voz do outro - agora temos mensagens e emojis). Gale (Dana Wheeler Nicholson) ex-namorada de Frank (Tim Daly) estimula ele a convencer seu amigo Jerry (Liev Schreider) a ligar para Barbara (Caroleen Feeney) e convida-la para sair. Linda (Aida Turturro) prepara sua festa de aniversário, convida todos seus amigos que confirmam presença mas ninguém aparece. Denise (Alanna Ubach), grávida de oito meses através de uma doação anônima de esperma, liga para o doador Martin (Dan Gunther) e tenta uma aproximação. Barbara e Jerry começam uma relação virtual (telefônica) com direito a sessão de sexo a distância. Gale morre em acidente de carro ao falar no telefone com Linda. Todos se compadecem com a morte da amiga virtual mas ninguém comparece ao enterro. Os personagens nunca se encontram ao vivo apesar de esboçarem uma relação de amizade próxima através de suas conversas telefônicas. No entanto, nenhum deles encontra tempo para se encontrarem pessoalmente e por vezes fogem dessa interação descaradamente.

Numa época com tantos dispositivos tecnológicos que estimulam uma aproximação virtual, diminuindo as distâncias entre as pessoas e economizando tempo. Numa realidade onde as pessoas estão cada vez mais individualistas, cada um com seu smartphone consumindo informações. Aplicativos que permitem relações sexuais casuais para não perdermos tempo com preliminares enfadonhas. Pessoas sentadas em mesas de restaurantes em silêncio trocando mensagens pelo celular, onde as relações interpessoais praticamente desapareceram.

De repente, aparece um vírus que impõe um afastamento social gerando tanta comoção e sofrimento (Verdade?). E se fosse um vírus virtual que destruísse a internet?

Fabio Yamada

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